Biden e Yoon Suk-yeol em encontro na Coreia do Sul
Reprodução/Twitter Joe Biden
Biden e Yoon Suk-yeol em encontro na Coreia do Sul


No primeiro evento oficial de sua primeira viagem à Ásia, o presidente americano  Joe Biden ressaltou, na Coreia do Sul, a importância da parceria com um aliado que a Casa Branca vê como estratégico, e com quem busca estreitar os laços de segurança e, especialmente, econômicos. 

Mas os primeiros momentos do democrata em solo coreano também foram marcados por uma gafe, quando confundiu o nome do atual presidente com o de seu antecessor.

Logo depois de pousar na base aérea de Osan, a cerca de 60 km de Seul e operada pelos EUA desde a década de 1950, Biden seguiu para uma fábrica semicondutores da Samsung, a maior do tipo no mundo, onde foi recebido pelo presidente Yoon Seok-yeol, empossado há 10 dias. 

Talvez por conta da recente mudança no comando em Seul, Biden confundiu o nome de Yoon, um conservador que defende uma aliança mais próxima com os EUA, com o de Moon Jae-in, o agora aposentado ex-presidente.

“Então, muito obrigado a todos, e presidente Moon...Yoon, obrigado por tudo que você fez até agora”, afirmou Biden, em uma gafe que passou relativamente despercebida pelo cerimonial.

A escolha do local da primeira visita reiterou o objetivo central de sua vista à Coreia do Sul, que ao contrário de outras viagens de presidentes americanos, não traz a Coreia do Norte no topo da agenda — as conversas sobre uma hipotética desnuclearização do regime de Pyongyang estão paralisadas desde 2019, e uma série de lançamentos de mísseis e projéteis, somada à mudança no governo em Seul, não serviram para mudar esse quadro.

Oficialmente, a Casa Branca afirma que está disposta a conversar sem condições prévias, mas os norte-coreanos exigem a retirada de pelo menos algumas sanções para retomarem o caminho diplomático. 

Hoje, o país vive uma severa onda de casos de Covid-19, mencionados pela imprensa oficial como "febre", e agências de inteligência não descartam que ocorra um teste nuclear em breve, o primeiro desde 2017. Os EUA, embora tenham elaborado uma nova política para a Coreia do Norte, ainda em 2021, não parecem empenhados em buscar uma solução a curto prazo.

Nessa linha, Biden não deve repetir Donald Trump e Barack Obama, e deixará de lado a tradicional visita à Zona Desmilitarizada (DMZ) que separa os dois países. 

Ao invés disso, preferiu a visita à fábrica de semicondutores em Pyeongtaek, responsável por uma parcela considerável da produção global de chips, item central para a indústria.

Ao lado de Yoon Seok-yeol, Biden afirmou que a pandemia da Covid-19 expôs a fragilidade das cadeias de suprimentos globais — incluindo a de semicondutores —, uma situação que foi agravada pela "guerra brutal e não provocada" de Vladimir Putin na Ucrânia. 

Neste contexto, afirmou a importância para os EUA de "garantirem que sua segurança econômica e nacional não esteja dependente de países que não compartilham nossos valores", uma referência à Rússia e à China, principal foco da visita do líder americano à Ásia.

“Um componente crítico de como nós faremos isso [garantir a segurança dos EUA] é trabalhar com nossos parceiros próximos, que compartilham nossos valores, como a República da Coreia [nome oficial da Coreia do Sul], para garantir  o que mais precisamos de nossos aliados e parceiros, e ampliar a resiliência de nossa cadeia de suprimentos”, disse Biden. 

“A aliança entre a República da Coreia e os EUA é um eixo de paz, estabilidade e prosperidade para a região e todo o mundo.”

Yoon, por sua vez, pediu a Biden que adote incentivos para investimentos conjuntos entre os dois países.

“Com a visita de hoje [sexta-feira], espero que as relações entre EUA  e Coreia do Sul ressurjam como uma aliança econômica e de segurança, baseada na alta tecnologia e cooperação de cadeias de suprimentos”,  declarou o líder sul-coreano.


Yoon e Biden voltam a se encontrar neste sábado, onde devem discutir, além de parcerias econômicas, a posição de Seul em relação à China: hoje, a diplomacia americana vê a relação de rivalidade com Pequim como um dos pilares da política externa no século XXI, e Biden, desde o início de seu mandato, vem tentando agregar aliados na Àsia e no Pacífico. 

Contudo, para a Coreia do Sul, o afastamento da China não é uma opção imediata, uma vez que os dois lados têm laços diplomáticos e, especialmente, comerciais intensos.

Um sinal disso veio em uma pergunta feita a Yoon sobre uma nova iniciativa a ser lançada por Biden nos próximos dias, o Quadro Econômco Indo-Pacífico (Ipef), que apesar de se apresentar como uma nova plataforma de cooperação regional, nao é um acordo comercial de fato, tampouco traz vantagens concretas a seus membros.

“Não há a necessidade de ver [o Ipef] como algo de soma-zero”, disse o presidente sul-coreano, sugerindo que não deve adotar mudanças bruscas na política recente de Seul em relação à China. Pequim também acusa a iniciativa de ser mais uma manobra de Washington contra seu país.

Depois da Coreia do Sul, Biden seguirá para o Japão, onde se encontrará com o premier Fumio Kishida e com os líderes de Índia e Austrália, em uma uma reunião presencial do grupo conhecido como Quarteto. 

Além da China, o encontro deve ser marcado por pressões sobre a Índia, país que se recusa a condenar a invasão russa da Ucrânia, e por uma possível troca de comando na Austrália, que realiza eleições gerais neste sábado.

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*Com informações de agências internacionais

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