O promotor paraguaio Marcelo Pecci, de 45 anos, assassinado na última terça-feira (10) na Colômbia , era conhecido por atuar em casos de repercussão relacionados ao tráfico de armas e drogas, lavagem de dinheiro e até terrorismo. Pecci coordenava, no Paraguai, as investigações do Ministério Público de crimes com participação da organização criminosa paulista que domina os presídios brasileiros.
Em outubro passado, Pecci comandou a investigação de uma chacina na cidade paraguaia Pedro Juan Caballero, na fronteira com a brasileira Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, quatro pessoas foram mortas, incluindo Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, governador do estado de Amambay, no Paraguai.
Em 2017, Pecci liderou a operação “Zootopia”, em que foi desmontada a maior estrutura da facção criminosa brasileira no Paraguai, com apreensão de 500 quilos de cocaína.
Ele também investigou o assassinato do jornalista brasileiro Léo Veras, morto em fevereiro de 2020, em Pedro Juan Caballero. Veras era dono de um site de notícias em Ponta Porã e escrevia sobre o tráfico de drogas na região de fronteira.
Pecci atuou ainda na prisão, em 2020, do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e do irmão dele, Roberto de Assis, por entrarem no Paraguai com passaportes adulterados.
No dia 30 de abril, Pecci se casou com a jornalista paraguaia Claudia Aguilera. Na ocasião do assassinato, os dois estavam em viagem de lua de mel na ilha de Barú, perto de Cartagena de Índias. Pouco antes da morte, ela anunciou que estava grávida no Instagram.
À imprensa paraguaia, a jornalista disse que o casal foi abordado por dois homens que chegaram em um jet-ski a uma praia particular ligada ao hotel e que atiraram em seu marido. Claudia não se feriu. Um grupo de banhistas tentou ajudar o promotor, baleado três vezes. Ainda segundo Claudia, ele não recebeu ameaças.
Segundo o jornal paraguaio ABC Color, Pecci contava com uma equipe de seguranças no Paraguai, e não comunicou a viagem à Colômbia ao governo. De acordo com o ministro do Interior Frederico González, tratou-se de uma decisão privada e pessoal entre ele e sua mulher.
Ainda de acordo com o ABC Color, no dia do casamento de Pecci um veículo tentou bloquear o caminho do carro em que o promotor estava, na tentativa de impedir sua passagem. Isso reforçou a hipótese de que Pecci seria um possível alvo de ataque.
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