Um bebê que nasceu em Mariupol, no Sudeste da Ucrânia, foi registrado sem a nacionalidade ucraniana. No lugar disso, sua certidão de nascimento diz que o bebê é nacional da autoproclamada República Popular de Donetsk, um Estado-satélite separatista apoiado pela Rússia.
O vice-prefeito de Mariupol, Petro Andryushchenko, escreveu sobre o caso em seu canal de Telegram.
"Ontem em Mariupol, os ocupantes emitiram a primeira certidão de nascimento em um mês. Pela primeira vez em Mariupol, um [Estado]-satélite terrorista russo roubou oficialmente a cidadania de nosso filho ucraniano. Aqui está ele: o mundo russo em toda a sua glória", disse Andryushchenko.
De acordo com os dados incluídos no documento das autoridades de Donetsk, o menino Pavlo Shcherbak nasceu em 16 de abril, e o registro da certidão de nascimento foi feito em 23 de abril de 2022.
Segundo Andryushchenko, entre 45 e 50 crianças nasceram em Mariupol uma semana antes da guerra, mas há notícia apenas do nascimento deste bebê no último mês.
Mariupol, que antes da guerra tinha cerca de 400 mil habitantes, é a cidade ucraniana que mais sofreu com a guerra . Segundo o governo ucraniano, 100 mil civis ainda estão no território devastado. As forças de defesa ucranianas estão agora restritas à usina siderúrgica de Azovstal, após resistirem desde o primeiro dia da invasão em 24 de fevereiro.
O registro do bebê indica os planos da Rússia de decretar a independência dos territórios ocupados, separando-os do resto da Ucrânia. Em vez de decretar oficialmente que estas áreas pertencem à Rússia, no entanto, Moscou parece pretender decretar a independência de Estados-satélite, assim como o fez em Donetsk e Luhansk.
Estes Estados não têm reconhecimento internacional. A Rússia também emite passaportes para os habitantes das regiões, de modo que, a rigor, eles se tornam cidadãos russos.
A mídia russa conduz uma intensa campanha de propaganda, divulgando que os civis em Mariupol e outras cidades ocupadas apoiam Moscou. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a mãe de Shchberbak aparece sorridente segurando o bebê, enquanto recebe a certidão de uma autoridade de Donetsk.
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Em Kherson, a maior cidade tomada pela Rússia na guerra, as forças de ocupação disseram que introduzirão o rublo como moeda oficial a partir de 1º de maio. A hryvna ucraniana só será aceita até 1º de julho.
Na semana passada, autoridades de Kiev denunciaram que os ocupantes planejavam realizar um falso referendo em Kherson, para justificar a transformação do território em uma "república popular" pró-Moscou.
Vladimir Saldo, autonomeado chefe da Administração Militar Regional de Kherson, negou ao jornal pró-Moscou Izvestia a existência desses planos.
"A história sobre os preparativos para o referendo foi inventada em Kiev como uma provocação" afirmou. "Neste momento, a região de Kherson é uma área dentro da Ucrânia, que está sob o controle da Federação Russa."
Segundo o jornal ucraniano Pravda, a Rússia apenas adiou seus planos, por recear que o referendo fosse gerar mais repercussão negativa.
Antes que as negociações diplomáticas esfriassem, o governo da Ucrânia várias vezes afirmou que não aceita ceder a soberania de territórios perdidos na guerra. A Rússia busca dominar o maior número possível de territórios no Leste no momento, com o objetivo de obter conqustas que a permitam reivindicar vitória.
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