O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, conversou por telefone nesta sexta-feira (22) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pediu que os russos abram "imediatamente corredores humanitários" para ucranianos presos em cidades controladas por Moscou ou sob intenso ataque.
"Pedi urgentemente por um acesso humanitário e uma passagem segura de Mariupol e outras cidades sitiadas ainda mais pela ocasião da Páscoa ortodoxa. Reiterei firmemente a posição da UE: apoio para a Ucrânia e sua soberania, condenação e sanções contra a Rússia pela agressão. Nossa unidade, princípios e valores são invioláveis", escreveu Michel nas suas redes sociais.
Já uma alta fonte da União Europeia informou que o líder europeu apresentou e explicou para Putin "os seus erros de cálculo e as perdas da Rússia" na invasão da Ucrânia. Conforme o representante, Michel tentou criar "buracos" nas informações que o presidente russo pode estar recebendo de seu círculo cada vez menor de aliados confiáveis.
Muitas são as fontes russas que dizem que Putin está sendo mal orientado desde o início da guerra e que ele está recebendo apenas informações positivas dos avanços.
O telefonema de Michel ocorre menos de 48 horas após ele ter ido até Kiev e Borodyanka, na Ucrânia, onde também se encontrou com o mandatário Volodymyr Zelensky.
Por outro lado, o Kremlin falou sobre a conversa telefônica por meio da agência de notícias Tass e ressaltou que Putin "denunciou as declarações irresponsáveis dos representantes do Conselho Europeu relativas a uma necessidade de uma solução militar do conflito na Ucrânia".
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Sobre a situação de Mariupol, uma cidade sitiada desde os primeiros dias da guerra e que tem agora só um ponto de resistência ucraniana na siderúrgica Azovstal, Putin ressaltou que deu uma ordem para "cancelar o ataque à zona industrial" após os russos terem tomado o controle da localidade.
"Para todos os soldados do exército ucraniano, os militantes dos batalhões nacionalistas e os mercenários estrangeiros, foi garantido que teriam a vida poupada, um tratamento decente em linha com o direito internacional e a adequada assistência médica. O regime de Kiev não permite a eles essa possibilidade", disse ainda o Kremlin sobre a conversa.
Estima-se que cerca de duas mil pessoas - entre militares e civis - estejam no local ainda. Outros nove mil podem ter sido mortos durante o cerco.
Ainda conforme a Tass, Putin acusou os líderes "da maior parte dos Estados-membros da União Europeia de encorajar uma descarada 'russofobia', que se manifesta especialmente nos campos culturais, humanitários e esportivos".
Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, os europeus têm sido unânimes em condenar a Rússia pela invasão.
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