A China voltou a cobrar nesta quarta-feira (6) que os Estados Unidos retirem as sanções impostas contra a Rússia para conseguir resolver a "crise" na Ucrânia.
"Se os EUA estão interessados com sinceridade em resolver a crise na Ucrânia, precisam parar de agitar o bastão das sanções. Se eles esperam sinceramente que podem ajudar a escalada da situação na Ucrânia, precisam parar de jogar gasolina no fogo, impor sanções e fazer atos coercitivos. Os Estados Unidos conseguem lucrar no caos e as sanções não trazem paz e segurança", disse um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, em sua coletiva diária.
Os chineses são aliados fundamentais dos russos e, por isso, também não usam o termo "guerra" para o conflito na Ucrânia.
Além disso, Pequim tenta manter uma postura de "neutralidade" em votações nas Nações Unidas, se abstendo de resoluções que culpem Moscou pela invasão.
O porta-voz também não poupou críticas aos europeus, especialmente, às lideranças da União Europeia na gestão conflito e nas relações bilaterais.
"Aquilo que o funcionário da União Europeia afirmou não é coerente com os fatos. O funcionário deve promover as relações bilaterais com base no consenso obtido na reunião ao invés de fazer observações irresponsáveis", falou Zhao sobre o alto representante para a Política Externa, Josep Borrell, que disse que a reunião entre chineses e europeus na última semana foi um "diálogo entre surdos" por conta da visão "diferente" sobre a guerra na Ucrânia.
Em outro ponto de defesa do discurso dos russos, Zhao falou sobre os horrores da cidade de Bucha, localidade que fica a cerca de 25 quilômetros de Kiev, e que foi retomada pelos ucranianos durante o último fim de semana. Nas imagens divulgadas pelo exército, centenas de corpos de civis foram vistos pelas ruas e valas comuns foram encontradas em parques.
Para Kiev, as imagens mostram a barbaridade da invasão dos russos. Já Moscou diz que quem matou os civis foram os ucranianos e que as imagens foram forjadas.
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Segundo o representante do Ministério das Relações Exteriores, é preciso que "todas as partes exercitem a moderação até que não sejam divulgados os resultados da investigação" sobre as atrocidades.
"A verdade precisa ser apresentada e qualquer acusação deve ser feita sobre fatos. Pequim atribui grande importância à situação humanitária na Ucrânia e está extremamente preocupada pelas consequências sobre os civis. Os relatos e as imagens sobre a morte deles em Bucha são muito inquietantes", pontuou ainda.
Zhao afirmou que as "questões humanitárias não devem ser politizadas" e que a China "apoia todas as iniciativas para aliviar a crise humanitária na Ucrânia e está disposta a colaborar com a comunidade internacional para evitar danos aos civis".
Enquanto o porta-voz dava sua coletiva diária, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, discursou para o Parlamento Europeu sobre a situação da Ucrânia e voltou a cobrar Pequim para condenar o conflito.
"Ninguém pode ser neutro. A China tem uma responsabilidade e deve tomar absolutamente uma posição clara", disse Von der Leyen.
Os europeus - incluindo o Reino Unido - e os norte-americanos vem pressionando os chineses para que exerçam sua influência em Moscou para fazer com que os russos terminem com a guerra.
Porém, até o momento, isso não foi realizado em grande escala, apesar da própria inteligência dos EUA informar que o governo negou o envio de armamentos e equipamentos militares para Rússia.
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