O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou nesta segunda-feira (4) que o país está pronto para apoiar sanções contra o setor de gás da Rússia por conta das atrocidades cometidas em Bucha, cidade dos arredores de Kiev libertada pela Ucrânia no fim da semana passada.
"A Itália não colocará vetos contra sanções ao gás russo", disse Di Maio após uma reunião com ministros das Relações Exteriores de Croácia e Eslovênia em Zagreb. "As imagens das atrocidades em Bucha nos deixaram chocados. Os responsáveis terão de prestar contas sobre o que ocorreu", acrescentou o italiano.
As sanções da União Europeia por conta da guerra na Ucrânia atingiram diversos setores da economia russa, mas, até o momento, pouparam o comércio de gás e petróleo, já que vários países do bloco, incluindo a Itália, são altamente dependentes de Moscou para satisfazer sua demanda por energia.
"Neste momento, é muito difícil justificar e suportar a formidável dependência energética em relação à Rússia. A Europa repassa cifras enormes para os caixas russos. Precisamos fazer um exame de consciência, e acredito que toda a Europa o esteja fazendo", afirmou nesta segunda o ministro italiano da Transição Ecológica, Roberto Cingolani, durante um evento em Milão.
Na próxima quarta (6), os embaixadores dos 27 Estados-membros da UE em Bruxelas devem se reunir para discutir uma nova rodada de sanções contra o regime de Vladimir Putin. Oficialmente, medidas contra o setor de petróleo e gás não estão na ordem do dia, mas fontes europeias afirmam que esse cenário pode mudar nas próximas horas, em meio ao surgimento de novos indícios de crimes contra civis cometidos pela Rússia em Bucha.
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Situada nos arredores da capital Kiev, a cidade foi libertada das tropas russas na última sexta-feira (1º). Desde então, as autoridades ucranianas relataram diversas evidências de massacres contra a população civil em Bucha, incluindo corpos largados pelas ruas e valas comuns para sepultar os mortos.
"Desde 10 de março, chegam corpos todos os dias. Já contei 68, entre mulheres, homens e crianças, muitos dos quais não são reconhecíveis por causa dos golpes contra seus corpos martirizados", disse à ANSA Andryi Galavin, padre de uma igreja ortodoxa em Bucha. "Os parentes das vítimas podem vir só agora porque antes os soldados russos não deixavam", acrescentou.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rechaçou as acusações "categoricamente" e afirmou que "especialistas" do Ministério da Defesa encontraram sinais de "manipulação dos vídeos" divulgados pela Ucrânia. Já o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, denunciou uma suposta "encenação do Ocidente" e do governo ucraniano nas redes sociais. (ANSA)
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