Lugansk acena com referendo de adesão à Rússia, mas recua
Arquivo Pessoal/Alina Dubeiko
Lugansk acena com referendo de adesão à Rússia, mas recua

A autoproclamada república de Lugansk, no leste da  Ucrânia, acenou neste domingo (27) com a possibilidade de realizar um referendo para decidir sobre sua anexação pela Rússia, mas depois recuou.

Segundo agências russas, o líder dos separatistas de Lugansk, Leonid Pasetchnik, disse que poderia organizar um referendo sobre a anexação por Moscou "em um futuro próximo". Pouco depois, Pasetchnik fez um esclarecimento e declarou que "não há preparativos no momento" para realizar uma consulta popular sobre o assunto.

Assim como a vizinha Donetsk, Lugansk tem maioria étnica russa e se autoproclamou independente em 2014. A soberania dos dois territórios foi reconhecida pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, pouco antes da invasão à Ucrânia, mas não é aceita pela comunidade internacional.

"Qualquer falso referendo nos territórios ocupados temporariamente seria juridicamente insignificante e não teria consequências legais", disse neste domingo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko.

Já o terceiro comandante do Batalhão de Azov, Maksim Zhorin, afirmou à ANSA que um eventual referendo seria "de mentira". "Os russos vão contar só os votos de que precisam", acrescentou Zhorin, que é natural de Lugansk. O Batalhão de Azov é um grupo paramilitar que luta ao lado do Exército ucraniano e é acusado pela Rússia de ser um movimento neonazista.

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A ideia de um referendo em Lugansk foi criticada até mesmo na Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. "Não acredito que seja aconselhável", declarou Leonid Kalashnikov, presidente da comissão da Duma para as relações com as ex-repúblicas soviéticas.

"As duas repúblicas [Donetsk e Lugansk] eram parte da Ucrânia até pouco tempo atrás", disse o deputado, ressaltando que nem mesmo as regiões separatistas de Ossétia do Sul e Abkházia, na Geórgia, organizaram referendos para a anexação pela Rússia.

Na última sexta-feira (25), o Ministério da Defesa russo afirmou que a meta prioritária é obter a "completa liberação do Donbass", região do leste da Ucrânia onde ficam os territórios separatistas de Lugansk e Donetsk, e que os ataques contra outras áreas do país buscam impedir o envio de reforços ao fronte oriental.

Ainda de acordo com o governo da Rússia, suas tropas e as milícias separatistas do Donbass controlam 94% do oblast (subdivisão administrativa típica de países eslavos) de Lugansk e 54% de Donetsk. Antes da invasão, o domínio dos grupos pró-Rússia não chegava a um terço dos dois territórios.

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