Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden
Twitter Joe Biden/ Fotos Públicas
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden

No último dia de uma viagem à Europa destinada a aparar arestas em torno da pressão sobre o governo da Rússia , o presidente americano, Joe Biden, afirmou, neste sábado, que seu país possui um compromisso "sagrado" com a segurança coletiva da Otan , a principal aliança militar do Ocidente, e que a capacidade dos EUA de agrem em diversos cenários no mundo depende de um continente europeu unido e seguro.

"Nós aprendemos com as tristes experiências das duas guerras mundiais, quando nós ficamos ausentes e não nos envolvemos diretamente na estabilidade da Europa, isso acaba se voltando contra nós, os EUA", disse Biden, em declarações no início de reunião com o presidente polonês, o ultranacionalista Andrej Duda, em Varsóvia.

Para ele, essa estratégia inclui um compromisso "sagrado" com o Artigo 5 do tratado que rege a Otan, e trata do princípio de que o ataque contra um de seus integrantes será considerado como um ataque contra todos.

"Podem contar com isso (...) Pela sua liberdade e pela nossa", disse o presidente.

Desde o início do conflito na Ucrânia, existe o temor de que a Rússia pudesse usar suas forças em ações direcionadas a países do Leste Europeu que integram a aliança, o que levou a um reforço em posições na região, com tropas e equipamentos adicionais.

"O aspecto mais importante neste mundo em constante mudança é que a Otan permaneça absoluta e completamente unida. Não pode haver diferenças em nossos pontos de vista. O que quer que façamos, precisa ser feito em uníssono, e todos devem agir juntos", disse Biden.

Na reunião, que antecede o que a Casa Branca chamou de "grande discurso" sobre a crise na Ucrânia e "em defesa da liberdade", Biden abordou a questão dos refugiados na Polônia, país que recebeu grande parte dos quase 3,8 milhões de pessoas que saíram do país vizinho desde o início da guerra, há um mês.

Ali, Biden disse que as autoridades em Varsóvia estão assumindo uma responsabilidade "significativa" na crise atual, e defendeu que o mundo faça mais para ajudá-las. Na quinta-feira, o presidente americano anunciou um pacote de ajuda de US$ 1 bilhão para ajudar no fornecimento de "comida, água, abrigo, suprimentos médicos e outras formas de assistência", e se comprometeu a receber 100 mil pessoas nos EUA.

A Casa Branca ainda revelou um financiamento adicional de US$ 320 milhões para ações de "defesa da democracia e direitos humanos" na Ucrânia e países da região, com foco em medidas para "apoiar a liberdade de imprensa, conter a desinformação, garantir a segurança de ativistas e grupos vulneráveis" e "fortalecer instituições democráticas, de combate à corrupção e do Estado de direito."

Mais cedo, Biden se encontrou com integrantes do governo ucraniano, incluindo o chanceler, Dmytro Kuleba, e o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov. Falando a jornalistas, Kuleba afirmou ter recebido "promessas adicionais" de Biden sobre como a cooperação em temas de defesa será realizada, e acertado formas de ampliar a pressão para que os países europeus concordem com a adoção de novas sanções.

"O presidente Biden disse que o que está ocorrendo agora na Ucrânia vai mudar a História do século XXI, e vamos trabalhar juntos para garantir que essa mudança seja a nosso favor, a favor da Ucrânia, a favor do mundo democrático", disse Kuleba.

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Aparando arestas

O discurso na Polônia vai ser o último movimento de uma viagem à Europa na qual Biden tentou reforçar a coesão de seus aliados na pressão sobre a Rússia, em meio a crescentes fissuras na aliança sobre a maneira como essa pressão deve ser exercida. Desde a quinta-feira, ele participou de reuniões de líderes do G-7, o grupo de sete das principais economias do mundo, da Otan e da Comissão Europeia, onde tentou criar um discurso até certo ponto uniforme, mas também ouviu posições dissonantes.

Alguns integrantes da Otan, como a própria Polônia, defendem a ampliação do fornecimento de armas a Kiev, não apenas defensivas, mas também na forma de aeronaves de combate — no começo do mês, o país chegou a disponibilizar seus MiG-29 para que os EUA os levassem até solo ucraniano, mas a iniciativa foi rejeitada.

Outro ponto levantado, especialmente pelo líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, é o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre seu território, mas essa opção também foi rejeitada por Washington e boa parte de seus aliados , uma vez que, na prática, poderia obrigar a Otan a derrubar aeronaves russas e levar a um conflito direto com Moscou.


Sobre as sanções , não foram anunciadas novas medidas, e embora os EUA tenham acertado ações para ampliar a oferta energética, especialmente de gás aos europeus, alguns países do continente estão reticentes sobre um corte definitivo das compras de produtos vindos da Rússia — o líder da Hungria, Viktor Órban, chegou a afirmar que isso seria uma "linha vermelha", um termo que também foi usado por Putin para descrever a eventual entrada da Ucrânia para a Otan. Diante dessa posição, ele recebeu uma espécie de ultimato de Zelensky.

"Escute Viktor, você sabe o que está acontecendo em Mariupol? De uma vez por todas, você precisa decidir, por conta própria, com quem você está", afirmou o presidente ucraniano, durante reunião com líderes europeus, na noite de quinta-feira. "Por favor, se você puder, vá até seu litoral. Olhe para aqueles sapatos. Você verá quantos assassinatos em massa poderão ocorrer novamente no mundo. E é o que a Rússia está fazendo."

O apelo não parece ter mudado a opinião do líder húngaro.

"Não vamos deixar que a Hungria seja arrastada para a guerra, por isso não mandamos soldados ou armas para a Ucrânia", escreveu Órban, em publicação no Facebook, na sexta. "Deixei claro ao presidente Zelensky. Para nós, a Hungria vem em primeiro lugar!"

— Com informações de agências internacionais

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