A Ucrânia continua a acusar a Rússia de deportar a força milhares de cidadãos ucranianos que estão em Mariupol, cidade sitiada por tropas russas desde o início da guerra. Nesta quinta-feira (24), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oleg Nikolenko, afirmou que o número já passa de seis mil.
"Deportando forçadamente os cidadãos de Mariupol para seu próprio território, a Rússia se move em direção ao seu próximo nível de terror. 6 mil ucranianos já estão em campos onde são reféns. Comboios humanitários que estão fugindo para partes não ocupadas da Ucrânia ainda estão sendo bombardeados. Essa barbárie precisa acabar", escreveu em seu perfil no Twitter.
O prefeito de Mariupol, Vadim Boychenko, dá um número ainda maior depessoas forçadas a deixar a cidade e ir para a Rússia: cerca de 15 mil.
"Os invasores obrigam as pessoas já cansadas da guerra a entrar nos ônibus e as privam de seus passaportes e outros documentos de identidade ucranianos. As pessoas deportadas são primeiramente levadas para os chamados campos de classificação e de lá partem para várias cidades remotas da Rússia", disse Boychenko em uma mensagem divulgada no Telegram e repercutida por vários veículos de comunicação do país.
O líder municipal ainda acusou as tropas russas de bloquear os comboios humanitários para a evacuação dos cidadãos "só para impedir que as pessoas voltem para territórios controlados pela Ucrânia contra a vontade delas".
Um dia antes, Kiev acusou a Rússia de bloquear um comboio de 11 veículos e de sequestrar tanto os donativos enviados como os motoristas e os socorristas que estavam nos ônibus. Não se sabe para onde eles foram levados, apenas que o último contato foi a cerca de 15 quilômetros de Mariupol.
Leia Também
Nesta quinta, a vice-premiê Iryna Vereshchuk afirmou que Moscou não concordou com a abertura de nenhum corredor humanitário de e para Mariupol. Outros sete corredores foram concordados para hoje.
No fim de semana, a Ucrânia afirmou que as pessoas deportadas à força eram enviadas para cidades "falidas economicamente" da Rússia e que precisam ficar nelas por ao menos dois anos em trabalhos determinados pelas autoridades.
As informações não foram confirmadas por Moscou e nem de maneira independente por organizações internacionais por conta das dificuldades em campo.
A cidade portuária de Mariupol, localizada no Mar de Azov, é um ponto estratégico para a guerra tanto por ser uma porta de entrada marítima muito importante, mas também por permitir uma espécie de "corredor" russo entre a península da Crimeia, anexada em 2014, até as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk.
Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, há ainda cerca de 100 mil cidadãos presos no município e que vivem em uma grave situação humanitária - sem água, comida ou medicamentos. (ANSA).
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.