A Rússia rechaçou nesta quinta-feira (17) uma ordem da Corte Internacional de Justiça, principal órgão judicial das Nações Unidas (ONU), para suspender imediatamente a invasão na Ucrânia.
"Não podemos levar essa decisão em consideração", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que tanto Moscou quanto Kiev precisam entrar em acordo para interromper os combates.
Na última quarta-feira (16), a Corte Internacional de Justiça havia determinado que a Rússia suspendesse a invasão imediatamente, após um pedido do governo da Ucrânia, que acusa Moscou de justificar a guerra com o falso argumento de que estaria ocorrendo um "genocídio" da população de etnia russa no Donbass.
"A ordem é vinculante sob a lei internacional, e a Rússia deve cumpri-la imediatamente", afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após a decisão do tribunal.
O posicionamento da corte da ONU chega em meio aos avanços relatados tanto por Kiev quanto por Moscou nas negociações, embora os dois lados reconheçam estar longe de um acordo.
"Devo ser claro: ambas as delegações, tanto a russa quanto a ucraniana, estão longe de alcançar um acordo sobre a situação atual", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em entrevista à CNN.
"Há uma série de fatores que fazem diferença na posição russa. O primeiro é a feroz resistência do Exército e do povo ucraniano, e o segundo são as sanções. Esses fatores obrigaram a Rússia a mudar ligeiramente sua posição, não é uma mudança dramática ou séria, mas, dadas as circunstâncias, qualquer mudança é construtiva", acrescentou Kuleba.
Já o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, participou de uma videoconferência com o Parlamento Europeu e destacou que as prioridades atuais nas negociações são o cessar-fogo e os corredores humanitários.
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"Apenas em um segundo momento será possível trabalhar em termos de paz, mas o povo ucraniano não vai aceitar se render. As negociações estão em nível técnico, estão envolvidos juristas, políticos. Não quero entrar em detalhes, mas posso garantir que, até o momento, não há nenhum motivo para ficarmos satisfeitos", afirmou.
Membros do governo ucraniano mostraram incômodo com a divulgação pelo jornal britânico Financial Times de um suposto plano de paz dividido em 15 pontos e que prevê um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas, mas desde que Kiev declare neutralidade, ou seja, desista de entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e limite o tamanho de suas Forças Armadas.
Além disso, a Ucrânia se comprometeria a não abrigar nenhuma base militar estrangeira e, em troca, obteria garantias de proteção por parte de países como Estados Unidos, Reino Unido e Turquia.
De acordo com Mikhailo Podolyak, assessor de Zelensky, o rascunho divulgado pelo Financial Times representa apenas "a posição do lado russo".
"O lado ucraniano tem suas próprias posições. As únicas coisas que confirmamos neste estágio são cessar-fogo, retirada das tropas russas e garantias de um certo número de países", declarou. As negociações devem continuar nesta quinta-feira.
Até o momento, a guerra na Ucrânia já gerou 3,2 milhões de refugiados, sendo que 1,9 milhão cruzaram a fronteira com a Polônia.