Declarações de autoridades russas e ucranianas permitiram ver de relance como os dois lados antecipam a continuação do conflito , e até onde acreditam que ela irá se prolongar. Ambas as declarações jogam água fria na chance de um desfecho próximo, apesar de sinais de otimismo expressos pelas diplomacias dos dois países no fim de semana.
O Kremlin disse nesta terça-feira que é muito cedo para fazer previsões sobre os possíveis resultados das negociações entre a Rússia e a Ucrânia.
"O trabalho é árduo, e, na situação atual, o próprio fato de eles continuarem [as conversa] é provavelmente positivo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. "Não queremos dar previsões. Aguardamos resultados."
Já o conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, Oleksiy Arestovich, foi mais minucioso em sua análise do conflito. Em seu entendimento, a guerra provavelmente não passará do início de maio, quando, ele acredita, a Rússia ficará sem recursos para manter seus ataques.
Em um vídeo publicado por vários meios de comunicação ucranianos, Arestovich disse que o momento exato depende da quantidade de recursos que o Kremlin se dispõe a investir na campanha.
"Acho que no mais tardar em maio, início de maio, devemos ter um acordo de paz. Talvez muito antes, veremos, estou falando das últimas datas possíveis", disse Arestovich.
As delegações tiveram uma nova reunião na segunda-feira, e há mais uma conversa marcada para esta terça. O conselheiro ucraniano — que não é um dos negociadores — afirmou que “estamos em uma bifurcação na estrada agora”:
Leia Também
"Ou haverá um acordo de paz muito rapidamente, dentro de uma ou duas semanas, com retirada de tropas e tudo mais, ou haverá uma tentativa de juntar alguns, digamos, sírios para um segunda rodada. E, quando os trituramos também, [haverá] um acordo em meados de abril ou final de abril."
Arestovich também citou “um cenário completamente louco” que envolveria a Rússia enviando novos recrutas após um mês de treinamento. A Rússia enfrenta escassez de soldados, após uma tática de invasões fulminantes não obter sucesso. O país anunciou que contratará mercenários com experiência na guerra da Síria para compor as suas fileiras.
Segundo ele, mesmo após um acordo de paz, pequenos confrontos táticos podem contnuar a acontecer por até um ano. A Ucrânia insiste na remoção completa das tropas russas de seu território, mas, durante as negociações, o Kremlin provavelmente reivindicará alguma espécie de controle ou de autonomia para os territórios de língua russa que ocupar durante a guerra.
As conversações entre Kiev e Moscou — nas quais Arestovich não está pessoalmente envolvido — produziram muito poucos resultados até agora para além de vários corredores humanitários saindo de cidades ucranianas sitiadas.
No final da semana passada, autoridades russas e ucranianas emitiram sinais de otimismo. A rodada de conversas da segunda-feira, que foi encerrada sem um grande anúncio, foi o quarto encontro oficial. As partes provavelmente mantêm também conversas de bastidores. A delegação ucraniana afirmou no fim de semana que a Rússia “parou de só emitir ultimatos e começou a ouvir” a sua posição.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.