Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA
Reprodução/Youtube CNBC
Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA

Em um encontro em Roma, nesta segunda-feira, os EUA deixaram claro que "apoiar a Rússia após a invasão da Ucrânia teria implicações para os relacionamentos da China em todo o mundo", inclusive com aliados e parceiros dos EUA na Europa e na região do Indo-Pacífico. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, a delegação dos EUA "levantou direta e claramente" suas "profundas" preocupações sobre o apoio de Pequim a Moscou.

A guerra na Ucrânia foi o principal tema do encontro entre o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, e o principal diplomata da China, Yang Jiechi, em um momento em que Estados Unidos e outros países tentam deixar claro para Pequim que ficar do lado de Moscou pode trazer consequências para os fluxos comerciais e desenvolvimento de novas tecnologias — e ainda pode expor o país a sanções secundárias.

A emissora estatal chinesa CCTV confirmou o encontro, mas não deu outros detalhes sobre a reunião. Foi o primeiro encontro de Sullivan com Yang desde as reuniões a portas fechadas em Zurique, em outubro do ano passado, que procurava acalmar as tensões após uma discussão pública entre os dois no Alasca, há um ano.

Em entrevista à CNN no domingo, Sullivan adiantou que o governo americano estava observando atentamente para ver até que ponto Pequim forneceria apoio econômico ou material à Rússia e alertou que haveria consequências se isso ocorresse.

— Estamos comunicando diretamente, em particular a Pequim, que absolutamente haverá consequências — afirmou o americano à CNN. — Não permitiremos que isso avance e que haja uma tábua de salvação para a Rússia dessas sanções econômicas de qualquer país, em qualquer lugar do mundo.

Na semana passada, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, já havia alertado que empresas chinesas que desafiarem as restrições dos EUA às exportações para a Rússia poderiam ser cortadas de equipamentos e softwares americanos de que precisam para fabricar seus produtos.

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A China é o maior exportador do mundo, o maior parceiro comercial da União Europeia e o principal fornecedor estrangeiro de mercadorias para os Estados Unidos. Qualquer pressão sobre o comércio chinês pode causar efeitos econômicos para os EUA e seus aliados.

Os laços entre Estados Unidos e China, que já estão em seu nível mais baixo em décadas, pioraram no mês passado, quando os líderes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, anunciaram uma parceria estratégica "sem limites" apenas algumas semanas antes da invasão da Ucrânia.

No domingo, autoridades americanas revelaram à Reuters, que a Rússia havia pedido equipamento militar à China após a invasão, levantando preocupações no governo de que Pequim possa minar os esforços ocidentais para ajudar a Ucrânia, ajudando a fortalecer as forças armadas de Moscou. A Rússia, no entanto, nega ter pedido ajuda militar à China e rebateu que tem poder militar suficiente para cumprir todos os seus objetivos na Ucrânia.

Nesta segunda, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, descreveu como "desinformação" dos EUA os relatos de que a Rússia estava buscando equipamentos militares da China. Zhao, no entanto, confirmou que a Ucrânia "definitivamente seria um dos principais itens da agenda" da reunião desta segunda-feira.

*Com informações de agências internacionais

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