O presidente da Rússia, Vladimir Putin, introduziu oficialmente a censura de Estado e, em poucos dias, é esperado que mais nenhuma mídia independente funcione no país, denunciou nesta quinta-feira (3) o site Meduza, um dos últimos veículos de comunicação sem interferência estatal.
Em um editorial chamado de "Vocês não podem nos calar", o portal revela que já espera que a censura caia sobre eles "em pouquíssimo tempo" como aconteceu recentemente com vários outros órgãos de informação. "A destruição da mídia independente é uma das coisas que tornou possível a guerra na Ucrânia", diz uma parte do texto.
"Estamos publicando esse texto enquanto ainda há tempo - para nós - para fazer saber a todos o início de uma situação histórica: a Rússia introduziu oficialmente a censura de Estado.
Em poucos dias, talvez já hoje, é possível que não existam mais mídias independentes na Rússia. Muito, muito rapidamente é possível que qualquer um na Rússia busque informações das 'vozes inimigas' de fontes independentes e precisará fazer o que era feito para ter notícias da época que vivíamos a 'Cortina de Ferro', diz o comunicado.
O editorial da Meduza ainda cita que, desde que a guerra começou no dia 24 de fevereiro, toda a mídia foi obrigada a chamar o conflito de "operação militar especial" e foi impedida de publicar fatos reais do que ocorriam na Ucrânia.
"Eles bloquearam os sites Taiga, Doxa, The Village, TV Rain, Ekho Moskyy Radio e muitos outros. Há simplesmente uma censura.
A dramática situação que o nosso país está hoje é um dos resultados dos ataques das autoridades contra a mídia independente e até mesmo a realidade das coisas. Se temos uma mínima chance de parar essa guerra, nós temos a necessidade de uma imprensa livre", diz ainda o texto.
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Pouco depois da publicação do site, a diretora-geral da TV independente Dozhd, Natalia Sindieieva, informou que a emissora foi suspensa. A procuradoria-geral russa havia determinado o fechamento do site no dia 1º de março e, nos últimos dois dias, as transmissões eram feitas apenas pelo YouTube.
Além dos sites independentes, o governo de Putin também censurou parte das postagens no Facebook, Twitter e demais redes sociais.
Para os russos, a mídia publica mentiras e manipula as informações.
Nos últimos dias, foram essas transmissões que mostraram ao mundo a grande quantidade de protestos que está ocorrendo em mais de 45 cidades da Rússia contra a guerra na Ucrânia, com mais de oito mil pessoas detidas. Os atos contra o governo são proibidos no país.
Nas sanções anunciadas pelas potências ocidentais, houve também uma resposta contra as redes de comunicação estatais Russia Today e Sputnik, e suas subsidiárias, que foram proibidas de funcionarem na União Europeia e nos EUA.
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