As tropas russas seguem a ofensiva para cercar e dominar as principais cidades no Sul e Leste da Ucrânia, e conseguiram avanços importantes nas últimas 24 horas, cercando Kharkiv, a segunda maior cidade do país , e controlando Kherson, um ponto estratégico no Mar Negro.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta quarta-feira que suas tropas tomaram o controle de Kherson, no Sul da Ucrânia, ao norte da Península da Crimeia, a região anexada pela Rússia em 2014. O prefeito Igor Kolykhayev diz que a cidade ainda está sob controle ucraniano, mas as autoridades locais reportam que a região está completamente cercada por militares do país vizinho.
Se a captura for confirmada, Kherson, de 290 mil habitantes, será a maior cidade ucraniana a cair para a Rússia desde que o presidente Vladimir Putin lançou sua invasão em 24 de fevereiro. Já no primeiro dia, as forças russas conseguiram entrar na cidade, mas foram posteriormente retiradas.
Autoridades ucranianas afirmam que a batalha ainda prossegue e o governo municipal segue em vigor. Mas, segundo a prefeitura, as condições dentro da cidade são terríveis, com comida e remédios acabando e “muitos civis feridos”, escreveu Gennady Laguta, chefe do escritório regional de segurança, no aplicativo Telegram.
A conquista seria uma etapa importante na missão russa de avançar para o interior e oeste ao longo da costa até a cidade portuária de Odessa. Kherson é um importante porto do Mar Negro, sendo conhecida também pelo seu centro industrial.
A ação também significaria controlar uma importante fonte de água. A Ucrânia represou o canal ao norte da Crimeia depois que a Rússia tomou a península, de modo que a maior parte do abastecimento de água doce na Crimeia foi cortada, causando escassez de água na região anexada. Um dos primeiros alvos da invasão militar da Rússia foi o desbloqueio da hidrovia.
Ataques em Kharkiv e cerco na capital
Em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, próxima da fronteira russa sob ataque desde o primeiro dia, os bombardeios pesados da Rússia continuam e o prefeito disse que o município de 1,4 milhão de habitantes está "parcialmente cercado". Nesta manhã, um míssil atingiu edifícios que pertencem à polícia, ao Serviço de Segurança da Ucrânia e à Universidade Nacional de Karazin. Pelo menos quatro pessoas teriam sido mortas no ataque, e os suprimentos de comida e água estão perto de acabar.
Conforme a BBC, o prefeito Igor Terekhov disse que Kharkiv está "parcialmente cercada" pelo Exército russo, mas que os militares ucranianos estão atualmente evitando que tomem o controle da cidade "heroicamente".
Na terça, o prédio do governo regional já havia sido atingido por um míssil, deixando pelo menos dez mortos e 35 feridos de acordo com o assessor do Ministério do Interior, Anton Herashchenko.
As forças russas também atacam várias outras cidades, incluindo Kiev, a capital, que está cercada há vários dias. Imagens de satélite registraram, na noite de segunda-feira, um comboio de veículos militares russos de cerca de 64 quilômetros de extensão indo em direção à cidade. Segundo a empresa Maxar, responsável pela imagem, podem ser vistos tanques, peças de artilharia, veículos de transporte e outros equipamentos de logística. De acordo com a CNN, a fila se estende da área ao redor do aeroporto de Antonov, que fica a cerca de 25 quilômetros do Centro de Kiev, ao sul, até a cidade de Prybirsk, ao norte. Na terça, o governo russo atacou a principal torre de rádio e TV da capital, interrompendo todas as transmissões.
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À noite, tropas russas cercaram Mariupol, uma cidade portuária no Sudeste. Mais de 120 civis estavam sendo tratados por ferimentos em hospitais, disse o prefeito. O vice-prefeito da cidade, Sergiy Orlov, descreveu uma situação dramática à BBC, dizendo que áreas residenciais foram fortemente bombardeadas:
"A situação é terrível, estamos perto de uma catástrofe humanitária. Estamos sob mais de 15 horas de bombardeio contínuo sem pausa", afirmou. "Um bairro da cidade está quase totalmente destruído. Não podemos contar o número de vítimas lá, mas acreditamos que pelo menos centenas de pessoas estão mortas. Não podemos entrar para recuperar os corpos. Meu pai mora lá, não consigo alcançá-lo, não sei se ele está vivo ou morto".
Segundo Orlov, "as forças russas estão a vários quilômetros de distância por todos os lados".
"O Exército ucraniano é corajoso e continuará defendendo a cidade, mas a Rússia não luta com seu Exército, apenas destrói distritos. Acreditamos em nosso exército ucraniano, mas estamos em uma situação terrível".
Na cidade de Konotop, no Leste, soldados russos entregaram um ultimato para evitar a perda de civis, segundo o prefeito, Artem Semenikhin: ou ele entrega a cidade a eles, ou eles a destruirão. completamente." Imagens que circulam pelas redes sociais mostram um soldado russo caminhando até o prefeito para entregar o ultimato portando uma granada em cada mão, para evitar ser linchado pela população.
Mais de 2 mil civis mortos
Segundo o serviço de emergência da Ucrânia, a invasão russa matou mais de dois mil civis ucranianos e destruiu centenas de estruturas, incluindo instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e casas, informou o serviço de emergência da Ucrânia nesta quarta-feira.
"Crianças, mulheres e forças de defesa estão perdendo suas vidas a cada hora", disse em comunicado. Continuam a surgir indícios do uso bombas de fragmentação por parte da Rússia, conhecidas por ferir principalmente fuzis.
Em comunicado divulgado nesta manhã, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia informou que 5.840 soldados russos foram mortos desde a invasão no país. As perdas russas — que não podem ser verificadas de forma independente — reivindicadas pelo país incluem também:
- 30 aeronaves
- 31 helicópteros
- 211 tanques
- 862 veículos blindados de patrulha (APVs)
- 85 sistemas de artilharia
- 9 sistemas antiaéreos
- 60 tanques de combustível
- 355 veículos
- 40 lançadores de foguetes MLRS capturados