Um homem que tentou remover do catálogo escolar o premiado livro de quadrinhos autobiográfico "Fun home: Uma tragicomédia em família", escrito e ilustrado por Alison Bechdel, foi acusado de abuso sexual infantil nos Estados Unidos. Em novembro, Ryan Utterback, de 29 anos, havia tentado retirar esta e outras obras que abordam a temática LGBTQIAP+ de bibliotecas escolares em Kansas City, no Missouri, argumentando que entregar este material para uma criança equivaleria a um crime sexual.
Contra ele, há ainda uma acusação de agressão doméstica e uma contravenção de fornecer ou tentar fornecer material pornográfico a um menor. De acordo com a emissora "NBC News", as acusações contra Ryan datam de 2020, quando ele teria assediado uma menina de 12 anos e uma adolescente. Em outro caso, registrado em 2021, ele mostrou vídeos pornográficos para uma criança de 4 anos.
De acordo com Mary O'Hara, membro do grupo local de defesa da mídia LGBTQ, livros que entram na biblioteca escolar costumam passar por um processo de avaliação por especialistas em alfabetização e educação, que os avaliam e mediante seu mérito acadêmico e social.
"Os defensores da proibição de livros há muito tentam alegar incorretamente que a representação LGBTQ em livros, filmes, TV e anúncios é 'inadequada' ou 'obscena', enquanto outras mídias com narrativas e temas sobre relacionamentos do sexo oposto — mesmo aqueles com sexo explícito ou violência — não são alvos", afirmou ela em um comunicado.
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O defensor LGBTQ de Kansas City, Justice Horn, esteve presente no debate sobre os livros em novembro e destacou que, para ele, "a moral desta história é que a proibição de livros não protege as crianças".
— Além disso, as pessoas que promovem a proibição de livros não estão protegendo as crianças, e todo legislador deve tomar nota.
Uma audiência sobre o caso de Ryan Utterback está agendada para o dia 10 de março.