Cientistas e autoridades da ilha espanhola de La Palma declararam que a erupção do vulcão Cumbre Vieja chegou ao fim, quase três meses depois dos primeiros alertas emitidos para a região, em 19 de setembro.
"O que queremos dizer hoje pode ser dito com uma frase: a erupção chegou ao fim' declarou o chefe da segurança regional das Ilhas Canárias, Julio Perez, em entrevista coletiva neste sábado. — Não há lava e piroclastos, não há emissão significativa de gás. Não há terremotos significativos.
No Twitter, o premier espanhol, Pedro Sánchez, disse que esse foi "o melhor presente de Natal".
"Todo meu reconhecimento vai aos palmeiros e palmeiras [como são chamados os habitantes de La Palma]. Seguiremos trabalhando juntos e juntas, todas as instituições, para relançar a maravilhosa ilha de La Palma e reparar os danos ocasionados", escreveu Sánchez.
Desde o dia 13 de dezembro não são registradas atividades vulcânicas no La Cumbre Vieja, mas as autoridades e cientistas preferiram aguardar até terem a certeza de que não havia mais riscos — por isso a demora em fazer o anúncio à população de que não há mais riscos. Segundo Maria José Blanco, diretora do Instituto Geográfico das Canárias, os indicadores mostram que o vulcão ficou sem energia, mas novas erupções podem ocorrer no futuro.
Nas últimas semanas, a ilha de La Palma foi parcialmente engolida pelos rios de lava que corriam do vulcão, devastando casas, negócios, igrejas e plantações de banana, uma das principais fontes de renda da região. Ao todo, sete mil pessoas tiveram que ser levadas para abrigos, e muitas ainda não podem voltar para suas casas por conta das estradas bloqueadas pela lava solidificada ou pelas toneladas de cinzas acumuladas.
"Não pudemos salvar nada, nem móveis, nem minhas pinturas, tudo está enterrado debaixo da lava agora", disse à Reuters o casal Jacqueline Rehm and Juergen Doelz, que se abrigaram em um barco nas últimas sete semanas. Os dois planejam se mudar para a ilha de Tenerife nos próximos dias.
Ao todo, a lava cobriu 12,5 km² de superfície, chegando ao ponto de criar duas novas penínsulas. Por semanas, os moradores precisaram ficar confinados em suas casas, e turistas se afastaram da região, cortando uma fonte crucial de renda — ainda na economia, a devastação das plantações de bananas, atividade que representa 50% do PIB da ilha, levará algum tempo até ser revertida.
Segundo o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Victor Torres, os danos podem chegar a 900 milhões de euros (R$ 5,782 bi). Até agora, o governo de Madri se comprometeu a repassar 400 milhões de euros (R$ 2,57 bi) destinados à reconstrução da ilha ,sendo que 225 milhões (R$ 1,45 bi) já foram destinados para a construção de casas, assistência direta a agricultores e pescadores, além de ações de apoio aos moradores.