Cerca de 3,2 milhões de crianças estão sob o risco de sofrer de forte desnutrição no Afeganistão até o final deste ano, com um milhão delas correndo o risco de morrer com a queda das temperaturas no inverno do Hemisfério Norte, disse a porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, nesta sexta-feira.
As agências de ajuda humanitária vêm alertando que a seca no país coincide com uma grave crise econômica provocada pela retirada do apoio financeiro ocidental depois da saída dos militares americanos do Afeganistão e a tomada do poder pelo Talibã, em agosto. O Banco Mundial suspendeu os repasses ao país, e o governo dos EUA congelou os fundos do Banco Central afegão no exterior.
O setor da saúde foi especialmente atingido, com muitos trabalhadores deixando seus postos por causa da falta de salários.
"O mundo não deve e nem pode se dar ao luxo de virar as costas ao Afeganistão", disse Harris numa teleconferência a partir de Cabul.
As temperaturas noturnas no Afeganistão estão caindo abaixo de 0ºC e teme-se que o frio torne os idosos e os jovens mais suscetíveis a doenças, disse Harris. Em alguns lugares, as pessoas estão cortando árvores para queimar e aquecer os hospitais, disse Harris.
A porta-voz da OMS não tinha dados sobre o número de crianças que já morreram de desnutrição, mas descreveu "enfermarias cheias de crianças pequenas". Os casos de sarampo estão aumentando no país e os dados da organização mostram que 24 mil infecções foram relatadas até o momento.
"Para crianças desnutridas, o sarampo é uma sentença de morte. Veremos muito mais mortes se não agirmos rapidamente", disse Harris.