As forças policias e militares que estão na fronteira entre Polônia e Belarus barraram a entrada de centenas de migrantes nesta segunda-feira (8).
O grupo tentava avançar pela parte sul da região, mas a marcha foi vista como ação orquestrada do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, para tentar "atacar" os poloneses. Há meses, o país e a União Europeia estão reforçando a segurança na região por conta dessa migração incentivada por Minsk. Estima-se que sejam 12 mil policiais na área.
O ministro do Interior, Mariausz Blaszczak, afirmou que o governo "está pronto para defender a fronteira" e informou que uma reunião do comitê de crise foi instaurada.
A Comissão Europeia também se manifestou sobre a "marcha" dos migrantes e disse que "essa é a execução de uma tentativa desesperada de Lukashenko de explorar pessoas para tentar desestabilizar a UE e os valores que defendemos".
Segundo o porta-voz do bloco, Peter Stano, a Polônia tem rejeitado cerca de três mil pessoas por semana que tentam fazer a travessia ilegal entre os dois países.
"A melhor maneira para gerir as fronteiras comuns é com recursos comuns. Por esse motivo, Frontex e Europol estão prontas a ajudar a Polônia com o registro nas fronteiras, a luta contra o tráfico de pessoas assim como fez em muitos outros lugares, inclusive na Lituânia e na Letônia", acrescentou Stano, dizendo ainda que o Conselho Europeu vai analisar possíveis novas sanções contra o regime de Minsk "levando em consideração novas ameaças".
Quem também se manifestou sobre essa nova "marcha" foi a Organização do Atlântico do Tratado Norte (Otan), que ressaltou estar "preocupada com a nova escalação da crise na fronteira".
"Pedimos que Belarus respeite o direito internacional. Nós estamos vendo uma onda de migrantes que buscam entrar em território aliado através de Belarus e a Otan continua a monitorar de perto a situação, que está colocando pressão sobre nossos aliados Lituânia, Letônia e Polônia", disse um representante, classificando ainda como "inaceitável" usar migrantes politicamente.
A situação entre Belarus e Polônia se intensificou após o último pacote de sanções políticas e econômicas aplicadas contra o governo e aliados do governo Lukashenko. Para a UE - assim como Reino Unido e Estados Unidos -, o presidente do país é um ditador que fraudou as últimas eleições para permanecer no poder.
Recentemente, uma operação da polícia polonesa entre os migrantes encontrou materiais de propaganda extremista islâmica, aumentando os temores de que Minsk está tentando infiltrar terroristas entre as pessoas que estão procurando por uma nova vida na Europa.
Rondas de nacionalistas
Pouco antes da notícia de que havia uma marcha de migrantes para a Polônia, a mídia local revelou que uma organização nacionalista polonesa está fazendo grupos de patrulha nas fronteiras para "ajudar" as autoridades a prender pessoas suspeitas de serem migrantes irregulares.
De matriz xenófoba, a organização Niklot di Bialystok tem como mote "a defesa da identidade eslava e a especificidade cultural da Polônia". O governo polonês não confirmou a participação desse grupo nas patrulhas, mas se limitou a dizer que cerca de 17,3 mil pessoas foram rejeitadas na fronteira e mandadas de volta para Belarus em outubro.
Desde 22 de outubro, uma lei firmada pelo presidente do país, Andrzej Duda, permite que os estrangeiros sem documentação legal sejam rejeitados imediatamente nos cerca de 180 quilômetros de fronteira e mandados de volta ao país de origem. No entanto, segundo as autoridades, muitos deles tentam entrar por partes diferentes da fronteira do local onde foram rejeitados.
Se há grupos que querem denunciar essas pessoas, outros cidadãos que moram na região levam comida e agasalhos para aqueles que estão escondidos nos bosques para que não morram de fome ou de hipotermia.