Os Estados Unidos relembram neste sábado (11) os 20 anos dos ataques terroristas que mudaram o mundo ocidental e que ocorrem, pela primeira vez, sem a "guerra contra o terrorismo" ordenada pelo então presidente George W. Bush.
Naquela manhã do dia 11 de setembro de 2001, quando extremistas da Al Qaeda de Osama bin Laden usaram quatro aviões comerciais para atacar o World Trade Center, em Nova York, o Pentágono, em Washington, e tentaram fazer um outro ataque na capital federal, em voo derrubado pelos passageiros na Pensilvânia, o ocidente nunca tinha sofrido com o terrorismo de grande maneira.
A quantidade de vítimas , cerca de três mil, é até hoje a maior em crimes do tipo e nunca mais nenhum grupo tentou fazer algo parecido. A maior parte das vítimas, 2.753, estava nas Torres Gêmeas - eram funcionários de empresas ou estavam nas equipes de socorristas que foram tentar salvar quem estava preso nos prédios.
No entanto, o pós-ataque dos norte-americanos terminou em um fracasso, mesmo que o mandante dos ataques, Bin Laden, tenha sido morto.
Os EUA lideraram a coalizão internacional por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) durante 20 anos no Afeganistão, que abrigava os terroristas da Al Qaeda em seu território, e chegaram retirando outro grupo extremista, o Talibã, do poder.
Por 20 anos, foram gastos trilhões em ataques, treinamentos e para fazer o Afeganistão ser um outro país, na guerra mais longa já criada pelos norte-americanos.
Mas, os militares e diplomatas de Washington nem tinham terminado de sair do território em agosto, quando os talibãs avançaram rapidamente pelo território e retomaram o controle do país.
"Enquanto continuamos a nos recuperar dessa tragédia, sabemos certamente que não há nada que os Estados Unidos não possam superar. As sementes do caos plantadas naquele setembro por aqueles que queriam nos ferir, floresceram como campos de esperança para um futuro luminoso", disse nesta semana o presidente dos EUA, Joe Biden, ao convocar dois dias de orações pelas vítimas.
Sigilo de documentos
Biden também tomou uma atitude diferente de seus antecessores nesta semana icônica para a nação, pedindo a retirada do sigilo de documentos do FBI sobre os ataques cometidos pela Al Qaeda e cumprindo uma promessa de campanha.
O decreto determina que o Departamento de Justiça e outras agências governamentais reexaminem todos os documentos dos ataques para fazer uma desclassificação em até seis meses.
A mudança pode fazer com que a demanda de muitas associações de vítimas e até mesmo a Justiça de Nova York finalmente aconteça: qual o papel da Arábia Saudita em todo esse processo? Dos 15 terroristas que realizaram os ataques em si com os aviões, 11 eram sauditas.
Porém, até hoje, apenas o Afeganistão - e em menor parte, o Paquistão - foram afetados pelos ataques dos EUA. Os sauditas, até por conta da longa relação diplomática e do petróleo, nunca foram formalmente citados e uma investigação encerrada em 2004 disse que não havia participação de Riad no crime.
"Não podemos nunca esquecer a duradoura dor das famílias e das pessoas queridas dos 2.977 inocentes que foram mortos no pior ataque terrorista dos EUA na sua história. Para eles, não é apenas uma tragédia nacional e internacional, mas uma devastação pessoal. O meu coração sempre estará com as famílias do 11 de setembro que continuam sofrendo e a minha administração continuará a envolver respeitosamente os membros dessa comunidade", disse o mandatário.
Cerimônias
As cerimônias em homenagem às vítimas já começaram nesta sexta-feira (10) tanto em Nova York, com diversas pessoas depositando rosas brancas no memorial do One World Trade Center, que foi erguido no local onde ficavam as Torres Gêmeas.
Membros do FBI, dos serviços de emergência e do escritório das Nações Unidas também foram ao local para homenagear as vítimas.
A Bolsa de Valores de Nova York fez um minuto de silêncio na abertura do pregão para lembrar as vítimas e o tradicional sino de abertura dos negócios foi tocado por familiares de dois funcionários da instituição que morreram no ataque.
Já no Pentágono, uma cerimônia oficial contou com a presença do secretário de Estado, Antony Blinken, que lembrou que a data "foi um dos dias mais escuros de nossa história, mas que também mostrou uma profunda humanidade, compaixão, força, coragem e resiliência" dos norte-americanos.
Neste sábado, Biden e sua esposa, Jill, irão participar de uma série de eventos em Nova York, Pensilvânia e no Pentágono, em Washington, para homenagear as vítimas.