Apesar da promessa de conceder anistia a quem tenha colaborado com as forças de ocupação, o Talibã está entrando em casa por casa atrás de pessoas que trabalharam com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
É o que diz um refugiado afegão recém-chegado à Itália e que agora cumpre um período de quarentena em uma base do Exército em Colle Isarco, no extremo-norte do país europeu. Segundo ele, essa perseguição foi o motivo que o levou a fugir do Afeganistão.
"Estou contente em ter chegado à Itália porque agora os talibãs passam em casa por casa das pessoas que trabalharam com a Otan. Agradeço a todos os militares italianos que nos ajudaram a sair", declarou o refugiado, que foi evacuado com sua família e não quis se identificar.
Em Colle Isarco, os afegãos são acompanhados por equipes médicas e mediadores culturais para facilitar sua ambientação no novo país. "Todo mundo sabe hoje como está a situação no Afeganistão. A situação é crítica, e as pessoas não podem viver sob o regime talibã. Tivemos muita sorte em receber ajuda do governo italiano para sair do país", afirmou uma jovem mãe afegã.
Desde a tomada de Cabul pelo Talibã, em 15 de agosto, a Itália já evacuou quase 3 mil refugiados afegãos, número que sobe para quase 4 mil quando se considera desde junho, mês em que o país entregou sua base militar em Herat.
A retirada das tropas dos EUA e da Otan permitiu o rápido avanço do grupo fundamentalista, que havia sido destituído pela invasão americana em 2001 e reconquistou o Afeganistão quase sem enfrentar resistência.
Ainda antes de tomar Cabul, o Talibã havia divulgado um comunicado prometendo "anistia geral" a quem tivesse colaborado com o antigo governo do Afeganistão e as forças de ocupação.