Nesta terça-feira (29), por volta das 16h, o Senado da Argentina deve começar a discutir sobre a aprovação ou não do projeto que legaliza o aborto no país. Após avançar na Câmara dos Deputados, o tema, que conta com o apoio do presidente Alberto Fernández , deve gerar horas de discussão entre os senadores até que um resultado seja conhecido.
Em 2018, tentativa similar de aprovar o aborto , ou interrupção voluntária da gravidez (IVE), até a 14ª semana de gestação acabou sendo barrada exatamente no Senado argentino e, segundo especialistas, a expectativa é de que a votação seja bastante acirrada: projeções apontam que o resultado segue quase empatado, sem que prós ou contrários tenham confirmação do que irá ocorrer.
Desde 1921, o aborto é permitido na Argentina em caso de estupro ou perigo para a vida da mulher. Agora, para tentar alavancar votos a favor do projeto, o texto inclui a possibilidade de profissionais de saúde apresentarem a chamada "objeção de consciência", ponto criticado por grupos a favor do aborto legal.
Porém, caso a igualdade venha a acontecer, o chamado "voto de minerva" para desempatar será dado pela presidente do Senado , a ex-presidente e atual vice de Fernández, Cristina Kirchner. Apesar de não ter proposto o tema para análise durante sua gestão, ela votou a favor da medida em 2018 quando houve a primeira tentativa de aprovação do projeto sobre o aborto no país.
Recentemente, a pandemia da Covid-19, que segue em alta na Argentina, forçou os protestos favoráveir e contrários ao projeto a migrarem para as redes sociais. Porém, segundo informações do jornal O Globo, milhares de pessoas são esperadas no entorno do Senado nesta terça-feira durante a votação, assim como ocorreu quando o tema foi discutido na Câmara.
Ainda de acordo com a publicação, cálculos recentes apontam que são realizados na Argentina entre 370 mil e 520 mil abortos clandestinos a cada ano. E é exatamente por conta destes números, que levam diversas mulheres a óbito por conta das instalações precárias em que as interrupções ocorrem, que os grupos a favor do projeto se mobilizam.
Já a Igreja Católica, por meio do bispo Oscar Ojea, pediu no último sábado que a "Virgem Santíssima" iluminasse os senadores para que eles evitem a aprovação do projeto sobre o aborto : "que possa provocar neles uma reflexão em suas mentes e corações, sobre um tema de delicadeza tão extrema".