A mega explosão que atingiu o porto de Beirute nesta terça-feira (4) deixou, até o momento, centenas de mortos, milhares de feridos e grande parte da capital do Líbano devastada . Bárbara Saleh, de 43 anos, diz que “foi uma destruição terrível”. Ela ainda observa que “se tivesse sido no centro de Beirute, teria acabado com a cidade”.
Bárbara mora no Vale do Bekaa, a trinta minutos de Beirute , junto com os filhos e o marido Rada Saleh, de 45 anos. A família de brasileiros mudou-se para o Líbano há dois anos. “Viemos com um propósito educacional para que as crianças conheçam a cultura e o idioma árabes”, conta Bárbara.
No momento da explosão, ela e o esposo estavam visitando o pai de Rada em um bairro próximo à residência deles, fora de Beirute. Ambos ouviram o barulho da explosão, porém não pensaram que fosse algo preocupante. Depois, eles viram uma fumaça e notaram que o céu havia mudado de cor.
“Assim que percebemos, ligamos a televisão”, diz Bárbara, “e entendemos a magnitude e a gravidade da explosão”. Em seguida, o casal voltou para casa, onde estavam os filhos. Bárbara conta que, durante o caminho, o céu estava avermelhado e várias ambulâncias já estavam indo até Beirute.
Cenário atual
Agora, Rada e Bárbara chamam a atenção para o fato de que, segundo a estatística inicial, há cerca de 300 mil desalojados . “Para um país como o Líbano, é muita gente”, pontua Rada.
Bárbara relata que são várias as pessoas que estão saindo de Beirute e indo para outros locais do Líbano procurando abrigo nas casas de conhecidos, familiares e amigos: “aqui no nosso prédio tem vários casos de familiares que chegaram de Beirute, porque ficaram desabrigados. As casas foram destruídas”.
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No momento, para além da tragédia causada pela explosão, um dos principais problemas do Líbano é a economia . Aliada à crise política , a questão econômica derrubou o poder de compra da população e fez com que o preço de diversos alimentos aumentassem em 300%. “São muitos itens. A projeção para este ano é de que haja uma inflação de 500%”, aponta Rada.
Ajuda internacional
Diante de um cenário que já era crítico, Rada enxerga que o ocorrido pode trazer recursos muito necessários para o país. “Nações que sequer estavam concordando em enviar ajuda para nós se prontificaram imediatamente quando viram a tragédia”, ele conta.
Países como Catar, Arábia Saudita, Iraque, França e Estados Unidos declararam que pretendem ajudar o Líbano. Trigo, óleo diesel e equipamentos hospitalares foram oferecidos.
“Esperamos que o governo aproveite bem os recursos financeiros para efetivamente reconstruir o que foi destruído e que não haja desvio de dinheiro”, declara Rada.
Apesar da magnitude dos impactos causados pela explosão, Bárbara e Rada estão esperançosos. Bárbara conta que os cidadãos estão ajudando uns aos outros — se voluntariando para auxiliar a Cruz Vermelha, por exemplo. “É o Líbano lutando mais uma vez para sobreviver. Não é a primeira vez, mas sempre consegue”, ela diz.
Rada observa que os libaneses são muito solidários. “O povo libanês já está acostumado com escassez, guerra e situações difíceis e vai superar isso”, conclui ele.