Com mais de dois milhões de infectados e quase 150 mil mortos ao redor do mundo, a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) é o maior desafio enfrentado pelos sistemas de saúde do mundo no século XXI.
A última crise que atingiu essa proporção foi a pandemia da gripe espanhola , que, durante 1918 e 1920, infectou mais de 500 milhões de pessoas (cerca de um quarto da população mundial). Não existe um número oficial de mortos, mas as estimativas apontam para uma marca superior à 50 milhões.
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Na época da pandemia da gripe espanhola , as ações tomadas pelos governos para conter os avanços do vírus são semelhantes às adotadas pelos líderes de estado atualmente para combater a Covid-19 .
Além dos acertos, os erros cometidos por algumas autoridades no começo do século passado também estão sendo repetidos. Dentre eles, está a flexibilização precipitada do fim do isolamento social.
Em 1918, diversas cidades cancelaram o isolamento social depois de acreditarem ter controlado a transmissão da doença. Com isso, eventos com alta aglomeração voltaram a acontecer, o que resultou em uma segunda onda da doença.
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A cidade americana de Filadélfia exemplifica isso. Depois de ter controlado o contágio, os políticos da cidade decidiram manter a realização de um desfile público no fim de setembro de 1918. Três dias depois, a cidade registrou 635 novos casos da doença e, em outubro, o número de mortes causadas pela doença na cidade ultrapassou a marca de 10 mil.
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Atualmente, alguns países, como a Áustria, começaram a flexibilizar o isolamento social de forma gradativa. Entretanto, existem líderes de estado que se mostram contrários ao isolamento da população e que acreditam que retomar a normalidade pré-pandemia, isolando apenas os pertencentes aos grupos de risco, é a melhor saída para combater o avanço do vírus .
Outro erro cometido atualmente é a recomendação de remédios e substâncias que não tiveram sua eficácia e segurança comprovadas. De acordo com pesquisas da Universidade de Stanford, durante a gripe espanhola, os médicos utilizaram diversos medicamentos, variando de remédios já conhecidos à misturas envolvendo óleos e ervas, para tentar conter a pandemia.
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No momento, a maior especulação envolvendo medicamentos que podem tratar a Covid-19 se refere à hidroxicloroquina – utilizada para tratar malária, lúpus e artrite reumatoide. Os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro se referiram ao fármaco como uma possível solução para a crise, ignorando que a substância está sendo testada e teria causado efeitos colaterais em pessoas que utilizaram a droga.