Grupo de 87 brasileiros criou conversa em aplicativo para exigir medidas das autoridades
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Grupo de 87 brasileiros criou conversa em aplicativo para exigir medidas das autoridades

Um grupo de brasileiros preso no Marrocos, no Norte da África, pediu ajuda ao governo federal para retornar ao Brasil. O petropolitano Rodrigo Diel, de 32 anos, está entre as 87 pessoas que se reuniram pelo WhatsApp para procurar voos de volta e cobrar o auxílio das autoridades — embora o número total de brasileiros retidos no Marrocos seja 173, segundo o Itamaraty.

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Diel relata que tem percorrido aeroportos há quatro dias, acompanhado de sua mãe, de 57 anos. O périplo começou depois que o governo do Marrocos decidiu suspender todos os embarques e desembarques nos aeroportos como medida de combater a propagação do coronavírus, que já infectou 37 pessoas no país e matou uma. Do grupo de retidos, dois têm mais de 60 anos, segundo o coordenador de recursos humanos.

"Aeroporto é um lugar onde transita muita gente. Não é o melhor lugar para ficar em um momento de pandemia", afirma ele.

Diel tinha um voo garantido de volta ao Brasil até esta quinta-feira, dia 19. No entanto, nesta terça-feira, recebeu uma mensagem da Tap Air, companhia aérea portuguesa que faria o voo, informando o cancelamento da viagem. Ele diz não ter recebido nenhuma informação sobre adiamento ou ressarcimento das passagens.

Embora o Marrocos tenha bloqueado as vias aéreas, marítimas e terrestres com mais de 30 países da Europa e da Ásia, Diel diz que alguns voos ainda partem diariamente de lá rumo a outros países. Isso o motivou a buscar uma vaga em um avião que o levasse para mais perto de sua terra-natal.

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"Muita gente pegou o voo que deu para pegar, para ir a qualquer outro lugar da Europa e depois ir para o Brasil. E teve que pagar por isso. Tentei fazer isso no domingo, fui para outra cidade do Marrocos para tentar pegar um voo do Marrocos direto pra Brasil. O preço de duas passagens nesse voo era 15 mil reais, mas não consegui comprar. Paguei 300 euros para ir a Casablanca, de onde sairia o avião, mas a disputa estava grande e acabei ficando de fora", afirma.

"Foi quem pôde, não é todo mundo que pode pagar valores tão altos para voltar ao Brasil. Estamos com receio de pegar um avião para a Europa e ficarmos presos lá, onde o custo de vida é muito mais alto. A Tap mandou vários aviões para pegar portugueses no domingo, e a Air France fretou voo para pegar franceses. Não sei quem pagou, quem fretou, se foi o governo. Muita gente tem medo de se endividar indo pra Europa e depois não conseguir voltar de lá pro Brasil, porque a Europa está toda bloqueada", diz Diel.

Embaixada

Segundo Diel, após pedir socorro à embaixa brasileira em Rabat, os retidos receberam informações gerais de prevenção contra o coronavírus e forneceram dados pessoais. Além disso, foram orientados a comprar passagens para o primeiro voo com destino ao Brasil, sob o argumento de que o tráfego aéreo tende a ficar ainda mais restrito daqui em diante. Do Itamaraty, Diel diz ainda não ter ouvido nada sobre uma possível repatriação.

Nesta segunda-feira, a embaixada emitiu em seu portal uma nota consular para informar que está "fazendo todos os esforços possíveis com vistas a tentar viabilizar uma solução para o regresso, para o Brasil, de brasileiros retidos no Marrocos". Em outra nota, divulgada no domingo, a embaixada pediu a todos os brasileiros em trânsito no Marrocos que enviassem seus dados por e-mail para um endereço do Itamaraty.

Ao Globo, o ministério das Relações Exteriores disse que “acompanha a situação dos turistas brasileiros no Marrocos desde o primeiro momento, em contato com os próprios brasileiros e com as autoridades locais, buscando prestar toda a assistência consular possível”.

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A pasta informou também que o contato com os 173 retidos é “permanente”, e que mais de 400 e-mails foram trocados com brasileiros em Marrocos. Além disso, segundo a nota oficial, a embaixada em Rabat acionou diferentes autoridades locais, como o Cônsul Honorário em Marraquexe, e tal articulação já permitiu o embarque de alguns cidadãos brasileiros para terceiros países.

“A Embaixada do Brasil no Marrocos seguirá dedicando todos os esforços possíveis, com o devido sentido de urgência e humanidade, para tentar viabilizar solução para o regresso, para o Brasil, desses brasileiros”, completa a nota.

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