O Parlamento iraquiano aprovou neste domingo uma resolução que pede a retirada das tropas americanas do país. A medida é uma represália ao assassinato do general iraniano, Qassem Soleimani e do comandante militar iraquiano, Abu Mahdi al-Muhandis, mortos em um ataque realizado pelos Estados Unidos na sexta-feira no aeroporto internacional de Bagdá. Em paralelo, a Chancelaria do país convocou o embaixador americano e realizou reclamações formais contra a “perigosa violação de soberania iraquiana”.
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Os EUA invadiram o Iraque em 2003 para derrubar Saddam Hussein, sob o falso pretexto de que ele tinha armas de destruição em massa, e oficialmente se retiraram em 2011. Posteriormente, foi feito um novo acordo específico para combater o Estado Islâmico, que a partir de 2014 ocupou várias cidades iraquianas. Os EUA mantêm atualmente cerca de 5 mil soldados no Iraque.
O acordo legal entre Bagdá e Washington afirma que as tropas americanas estão no Iraque “a convite” do governo local para combater o EI. Com a aprovação da resolução, parece improvável que Bagdá se recuse a revogar o convite, algo que, teoricamente, forçaria os americanos a retirar suas tropas.
Convocada após o ataque contra Soleimani , a sessão extraordinária foi aberta pelo primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi, que disse que pôr um fim a presença de soldados estrangeiros no país é o melhor para o Iraque, apesar das dificuldades internas e externas que isso pode causar.
Ele disse ainda o presidente americano, Donald Trump , o telefonou para pedir que mediasse a crise entre os EUA e o Irã e, em seguida, ordenou o ataque de drones que matou Soleimani e Mahdi al-Muhandis, vice-comandante das Forças de Mobilização Popular (FMP). Segundo Mahdi, o general iraniano estaria carregando a resposta para uma iniciativa saudita para aliviar as tensões quando foi morto.
Reclamações à ONU
Horas antes do início da sessão, a Chancelaria iraquiana convocou o embaixador dos Estados Unidos no país, Matthew Tueller, para denunciar “uma violação da soberania do Iraque” após o ataque que matou Soleimani, no aeroporto internacional de Bagdá . Segundo o Ministério, “as operações militares ilegítimas realizadas pelos Estados Unidos são ataques e atos condenáveis que podem causar uma escalada de tensões na região e constituem uma violação de soberania”.
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A Chancelaria também enviou reclamações oficiais para o secretário-geral da ONU , António Guterres, e para o Conselho de Segurança, em razão dos “ataques americanos, agressões a posições militares iraquianas e o assassinato de comandantes de alto nível iraquianos e aliados no solo do Iraque”. Segundo o comunicado, os ataques são “uma perigosa violação da soberania iraquiana no que diz respeito à presença americana no Iraque.
Liderada pelos EUA, a coalizão internacional que combate o Estado Islâmico disse que pausou o treinamento e o apoio às forças de segurança iraquianas devido aos ataques aéreos contra as bases militares que abrigam suas tropas.
“Nossa prioridade é proteger todo o pessoal da coalizão comprometido com derrotar o EI. Repetidos ataques aéreos nos últimos dois meses realizados por elementos da Kataib Hezbollah causaram a morte de um funcionário das forças de segurança iraquianas e de um civil dos EUA”, diz o comunicado.
A nota refere-se a um ataque do grupo que matou um funcionário terceirizado em uma base dos EUA na cidade iraquiana de Kirkuk. Em represália, bombardeios americanos no último dia 29 mataram 25 integrantes do grupo, um dos grupos integrantes das Forças de Mobilização Popular (FMP), coalizão de milícias xiitas iraquianas pró-Irã formadas em 2014 para combater o Estado Islâmico.
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Respondendo aos ataques, integrantes do FMP tentaram invadir a embaixada americana em Bagdá no último dia 31 — ato que serviu como gota d’água para a operação que matou Soleimani.