Votação acontece em clima de tensão e com ameaça de atentados
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Votação acontece em clima de tensão e com ameaça de atentados

O Afeganistão vota neste sábado (28) para eleger seu presidente em eleições ameaçadas por fraudes, abstenções e atentados, que já causaram um morto e pelo menos 17 feridos. A votação acontece enquanto as discussões entre o Talibã e os Estados Unidos estão estagnadas, distanciando a perspectiva de um diálogo entre o governo e os insurgentes para alcançar a paz.

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O Talibã lançou advertências aos cerca de 9,6 milhões de eleitores, numa tentativa de dissuadi-los de ir às urnas. Na quinta-feira, o grupo havia afirmado que seus combatentes iriam atacar os "escritórios e centros [de votação]", no Afeganistão .

O balanço da violência no início desta tarde é de um morto e dois feridos em um ataque em Jalalabad e outros 15 feridos em um atentado perto de um centro de votação em Kandahar, no sul. Segundo as autoridades locais, também foram cometidos outros ataques com granadas e bombas que não causaram vítimas.

O ministério do Interior anunciou o envio de 72 mil homens para monitorar os quase 5 mil centros eleitorais em todo o país. Além disso, desde quarta-feira à noite, todos os caminhões e vans estão proibidos de entrar na capital para evitar atentados com veículos.

"Sei que existem ameaças, mas as bombas e ataques fazem parte do nosso dia-a-dia", disse à AFP Mohuiudin, eleitor de 55 anos em Cabul. "Não tenho medo, se queremos mudar nossas vidas, temos que votar".

A campanha eleitoral começou no final de julho marcada por um atentado que deixou 20 mortos. Desde então, mais de 100 pessoas morreram, vítimas de ataques reivindicados pelo Talibã.

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Quarta eleição presidencial

Esta é a quarta eleição presidencial da história do país, desde a realizada em 2004. Dezoito candidatos aspiram a tornar-se chefe de Estado com um mandato de cinco anos, mas o atual presidente, Ashraf Ghani, e seu primeiro-ministro Abdullah Abdullah se destacam como favoritos.

Após votar, o presidente declarou que "essa eleição abrirá o caminho para avançarmos em direção à paz com verdadeira legitimidade".

Ghani está confiante de que uma reeleição o tornará um interlocutor indispensável para negociar com o Talibã, que até o momento se recusou a dialogar por considerá-lo um "fantoche" de Washington.

Ghani e Abdullah Abdullah já se enfrentaram em 2014, numa votação marcada por irregularidades tão graves que os Estados Unidos impuseram a criação do cargo de Abdullah, que terminou em segundo. As autoridades afegãs asseguraram que tomaram as medidas necessárias para evitar fraudes, empregando toda uma bateria de meios técnicos, incluindo leitores biométricos. Os resultados preliminares da votação serão conhecidos em 19 de outubro e os resultados finais em 7 de novembro.

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O principal enigma dessa eleição será a extensão da abstenção. A expectativa é de que muitos eleitores permaneçam em suas casas, principalmente devido ao medo de ataques ou fraudes.

O futuro chefe de Estado assumirá as rédeas de um país em guerra, em que 55% da população vivia em 2017 com menos de dois dólares por dia e no qual o conflito com os insurgentes matou mais de 1.300 civis no primeiro semestre de 2019, segundo a ONU.

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