O premier britânico, Boris Johnson , trabalha em uma saída para não cumprir a lei, aprovada na semana passada pelo Parlamento, que o obriga a pedir uma extensão do prazo para o Brexit se um acordo de transição não for obtido com a União Europeia (UE). Segundo o jornal Daily Telegraph , um dos planos seria enviar a Bruxelas, ao lado da carta pedindo o eventual adiamento, uma outra carta dizendo que o governo não quer um novo prazo.
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Essas opções levantadas pelo governo seriam usadas, de acordo com o Daily Telegraph , caso o Parlamento se recuse a aprovar a realização de novas eleições. Na semana passada, os deputados rejeitaram a proposta.
Em entrevista à rede de TV Sky News , o ex-diretor de Processos Públicos, o lorde McDonald, afirmou que Johnson pode ser preso caso descumpra a medida aprovada pelo Parlamento. Também à Sky News, o deputado Dominic Grieve, que foi expulso do Partido Conservador após votar contra o governo, disse que o premier se comporta como uma "criança mimada".
Confiança em acordo
Antes da publicação do Daily Telegraph , ministros disseram que o Johnson seguirá com seu plano para o Brexit e não buscará adiar a saída do Reino Unido da União Europeia em encontro no próximo mês, apesar da mais recente renúncia de uma ministra de seu gabinete.
Depois que a ministra do Trabalho e da Previdência, Amber Rudd, deixou o cargo no sábado por causa do plano do chefe de governo para o Brexit, os ministros disseram que Johnson estava determinado em "manter o plano" de deixar a UE até 31 de outubro, com ou sem um acordo para facilitar a transição.
A estratégia de Johnson de deixar o bloco "agora ou nunca" dentro do prazo estipulado foi abalada pelos eventos dos últimos dias, que levaram os críticos a descrevê-lo como um "ditador de araque" e aprofundaram a incerteza sobre como a votação do Reino Unido em 2016 para deixar a UE será colocada em prática.
Ele perdeu a maioria do Partido Conservador no Parlamento inglês, expulsou 21 rebeldes do partido e não conseguiu forçar uma nova eleição. E seu próprio irmão o abandonou, dizendo que estava dividido entre a lealdade à família e o interesse nacional.
A renúncia de Rudd no sábado - que apoiou a permanência na UE no referendo de 2016 quando o Reino Unido votou 52% a 48% pelo Brexit - sobre o que ela chamou de foco desproporcional do governo em se preparar para um Brexit sem acordo, apenas aumentou a sensação de crise.
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O ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, descreveu que negociações intensas continuam acontecendo em Bruxelas.Tanto ele quanto o ministro das Finanças, Sajid Javid, também contradisseram autoridades da UE que afirmaram que o Reino Unido ainda não apresentou novas sugestões de mudanças no Acordo de Retirada, costurado pela antecessora de Johnson, Theresa May.
Javid afirmou que Johnson irá a uma cúpula da UE no dia 17 de outubro para tentar garantir um novo acordo. Theresa May havia fracassado em três tentativas de ratificar seu acordo pelo Parlamento, onde muitos parlamentares recusaram o chamado mecanismo backstop .
O governo de Johnson prometeu se livrar do backstop , uma espécie de seguro para impedir o retorno de uma fronteira altamente controlada entre a província britânica da Irlanda do Norte e a Irlanda, que é membro da União Europeia. A UE diz que o backstop deve permanecer. "Antes de mais nada, o primeiro-ministro irá à reunião do conselho nos dias 17 e 18 (de outubro). Ele tentará fechar um acordo. Ele absolutamente não pedirá uma extensão (do prazo) nessa reunião", disse Javid à BBC .
Ameaça francesa
O governo francês ameaça vetar uma nova extensão do Brexit devido à preocupante falta de progresso nas negociações recentes, já que diplomatas da União Europeia (UE) expressaram sua frustração por estarem envolvidos em um jogo do governo britânico.
Em um sinal de crescente desgaste, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, destacou a falta de propostas realistas apresentadas. "É muito preocupante. Os britânicos devem nos dizer o que querem ", disse Drian.
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Demonstrando que a paciência da UE está diminuindo, Jean-Yves Le Drian, excluiu qualquer novo adiamento do Brexit nas circunstâncias atuais."No atual estado de coisas, é não!", disse Le Drian em um programa político dominical da Europe1/Cnews/Les Echos .
"Nós não queremos isso (prorrogar o prazo) a cada três meses", disse o ministro francês. Na semana passada, o Parlamento britânico aprovou uma lei que obriga o primeiro-ministro Boris Johnson a adiar por três meses a data prevista para a conclusão do Brexit - em 31 de outubro -, caso não se chegue a um acordo com a União Europeia (UE) antes do dia 19 do mesmo mês.