Putin disse que Rússia vai produzir novos mísseis nucleares antes banidos em tratado com EUA
Reprodução/Twitter/KremlinRussia_E
Putin disse que Rússia vai produzir novos mísseis nucleares antes banidos em tratado com EUA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (5) que seu país vai produzir novos mísseis nucleares antes banidos por um acordo dos tempos da Guerra Fria com
os EUA, que os americanos abandonaram oficialmente no mês passado. O líder russo afirmou, no entanto, que só vai instalar e colocar em operação as novas armas se os americanos o
fizerem antes.

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O Tratado sobre Forças Nucleares de Médio Alcance (INF, na sigla em inglês), assinado entre os EUA e a antiga União Soviética em 1988, proibia as duas superpotências de instalarem mísseis balísticos, de cruzeiro em bases em terra, ou usarem lançadores móveis terrestres de mísseis, com entre 500 e 5,5 mil km de alcance, não incluindo, portanto, mísseis lançados de aviões, navios ou submarinos.

Em outubro do ano passado, o presidente dos EUA, Donald Trump , anunciou que seu país abandonaria o acordo pelo que afirmou serem violações do mesmo da parte dos russos, o que
acabou ocorrendo oficialmente no início de agosto deste ano. Moscou nega as alegações de Trump.

Em discurso em um fórum econômico em Vladivostok, no extremo Leste da Rússia, Putin expressou preocupação que os EUA instalassem mísseis de médio alcance no Japão e Coreia do Sul, colocando na mira vastas extensões do território russo. Ao banir estes tipos de mísseis e instalações, o INF reduzia as chances de algum dos lados lançar um ataque nuclear
maciço com curto prazo de resposta pelo outro.

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Assim, o fim do tratado elevou as tensões nucleares entre as duas potências, com temores de uma nova corrida armamentista entre elas. No mês passado, os EUA testaram um míssil
de cruzeiro configurado para carregar uma ogiva convencional que atingiu um alvo com precisão a mais de 500 km de distância.

"Claro que vamos produzir estes tipos de mísseis", disse Putin no fórum econômico. "Não estamos felizes com o fato de o chefe do Pentágono ter dito que os Estados Unidos
pretendiam instalá-los no Japão e Coreia do Sul. Isto nos entristece e provoca certa preocupação", acrescentou, completando, porém, que qualquer resposta pela Rússia só ocorrerá se os EUA de fato levarem à frente a intenção.

Putin disse ainda que em um recente telefonema ofereceu a Trump que os EUA comprem um dos novos mísseis nucleares hipersônicos que a Rússia está desenvolvendo. O presidente
americano, porém, teria respondido que seu país também está desenvolvendo armas do tipo. Capazes de voar a mais de 5 vezes a velocidade do som, ou mais de 6,1 mil km/h, estes
mísseis poderiam escapar mais facilmente de sistemas de defesa hoje existentes.

Putin também afirmou temer que Trump estenda a corrida armamentista para o espaço, com os EUA desenvolvendo alguma nova arma espacial. Tal possibilidade, no entanto, é vetada
por outro acordo da época da Guerra Fria entre americanos e soviéticos e depois ratificado por dezenas de outros países, inclusive o Brasil.

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Assinado em 1967, o Tratado do Espaço Sideral proíbe os países signatários de usarem o espaço como plataforma de lançamento de armas de destruição em massa ou como alvo de
ataques com elas, garantindo seu uso pacífico. Isso não impede, no entanto, a instalação de sistemas defensivos na órbita da Terra , como os planejados pelo antigo programa
Guerra nas Estrelas do governo do presidente americano Ronald Reagan.

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