Tropas sírias retomaram nesta sexta-feira um grupo de cidades cujo controle foi perdido logo no início da guerra, há oito anos, no mais recente avanço na ofensiva contra o último grande reduto rebelde no Noroeste do país. O Exército expulsou os últimos combatentes rebeldes da região rural de Hama e agora avança em direção de um posto avançado militar da Turquia na área.
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As forças do governo têm bombardeado o Sul da província de Idlib e a vizinha Hama do ar e da terra ao longo desta semana, deflagrando um novo êxodo de civis da região. Centenas de pessoas foram mortas desde que a ofensiva começou no fim de abril, informaram as Nações Unidas . Comandantes rebeldes não responderam a pedidos de comentários.
O presidente sírio Bashar al-Assad se voltou contra Idlib depois de assegurar seu controle sobre grande parte do resto da Síria com a ajuda de aliados russos e iranianos. Ainda assim, as perspectivas de mais avanços em outras partes do país que continuam foram de seu controle está obstruído: no Noroeste, por interesses turcos próximos à fronteira, e, no Nordeste, pela presença de forças dos EUA lado a lado com combatentes curdos.
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O governo turco apoia forças rebeldes que controlam trechos do território ao Norte de Idlib sob sua esfera de influência, alguns dos quais também têm presença em Idlib. O presidente turco Tayyip Erdogan, alertou nesta sexta-feira seu contraparte russo, Vladimir Putin, que os ataques do Exército sírio estão provocando uma crise humanitária na região e ameaçando a segurança nacional da Turquia.
Em um telefonema, Erdogan disse que os ataques violam um cessar-fogo em Idlib e prejudicam os esforços por uma solução para o conflito na Síria, informou o escritório da Presidência da Turquia. A mais recente ofensiva pôs as tropas turcas em Idlib na linha de fogo e põe em risco as esperanças de Ancara de evitar que uma nova onda de refugiados chegue às suas fronteiras.
Mais de 500 mil pessoas deslocadas pela atual ofensiva no Noroeste da Síria já fugiram em direção da fronteira turca. Sob os auspícios de acordo com a Rússia e o Irã, a Turquia mantém forças em cerca de uma dúzia de postos militares avançados na região de Idlib, incluindo um na cidade de Morek, um dos alvos da ofensiva do Exército sírio nesta sexta-feira. O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse, no entanto, que as tropas do país não estão sitiadas no local.
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— Estamos discutindo a questão com a Rússia e o Irã — informou Cavusoglu em conferência com a imprensa em Beirute, Líbano. — Não estamos lá ainda porque não conseguimos sair, mas porque não queremos sair.
Uma série de negociações entre russos e turcos, incluindo acordo fechado no ano passado para “desmilitarizar” a área, fracassou na intenção de acabar com o conflito em Idlib.
O Exército sírio informou nesta sexta-feira ter tomado o controle de um grupo de cidades e seu entorno no Sul de Idlib e no Norte de Hama, incluindo Khan Sheikhoun, Kfar Zita e Morek.
“Depois de pesados ataques nos últimos dias e um sítio completo, nossos bravos soldados conseguiram limpar as cidades e vilas”, relatou em comunicado. “O avanço continua a passo rápido”.
A última ofensiva estende o controle do Estado a uma estrada que vai da capital Damasco à cidade de Aleppo, destacou a TV estatal síria . Uma transmissão ao vivo da cidade de Kfar Zita, que os rebeldes controlavam desde 2012, mostrou ruas desertas ladeadas por prédios marcados pelos bombardeios.
Moscou e Damasco dizem estar respondendo a ataques de militantes da antiga Frente Nusra, aliança jihadista agora conhecida como Hayat Tahrir al-Sham que é a força rebelde dominante em Idlib.