O líder opositor da Venezuela , Juan Guaidó , disse na última terça-feira (7) que os Estados Unidos demonstram ter compromisso com os militares que se voltem contra o governo do presidente Nicolás Maduro.
Segundo Guaidó , a suspensão das sanções da Casa Branca contra o ex-chefe da inteligência venezuelano, Christopher Figuera, é uma demonstração de "apoio firme". Os militares são um tradicional bastião de apoio para o chavismo.
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"A decisão do governo dos EUA de suspender as sanções contra Figuera evidencia o apoio firme de nossos aliados" e "nossa seriedade e compromiso com nossas Forças Armadas dispostas a defender a Constituição", escreveu Guaidó, autoproclamado presidente interino em janeiro com apoio do Parlamento opositor.
Na terça-feira, ao anunciar o levantamento das sanções contra Figuera, que abandonou a Venezuela após ter apoiado a operação opositora da semana passada para derrubar Maduro, o vice-presidente americano, Mike Pence , disse que os Estados Unidos considerarão o fim das sanções a todos aqueles que defenderem a Constituição e apoiarem o Estado de Direito.
"Espero que as ações que nossa nação está tomando hoje animem outros a seguir o exemplo do general Christopher Figuera" afirmou Pence.
Segundo a rede de TV americana Fox News, Figuera (cujo cargo era diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência) deixou carta rompendo com Maduro no dia 30 de abril, afirmando “ter chegado a hora de procurar novas maneiras de fazer política” e de “reconstruir o país”.
Além disso, suspeita-se que o general seja um dos responsáveis pela soltura do líder opositor Leopoldo López, libertado do regime domiciliar imediatamente antes do início da chamada "Operação Liberdade".
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Pence afirmou que os Estados Unidos poderão "responsabilizar" os 25 membtos da Suprema Corte da Venezuela, alinhada a Maduro , por não protegerem os direitos humanos do povo venezuelano. Segundo o vice de Donald Trump , o tribunal máximo do país sul-americano se tornou uma "ferramenta política para um regime que usurpa a democracia".
Deputados vão a julgamento
Sete deputados opositores tiveram suas imunidades parlamentares revogadas pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que funciona como órgão de suprapoder formado apenas por políticos chavistas, e serão julgados por terem apoiado a tentativa de depor Maduro na semana passada.
Os legisladores são Edgar Zambrano, Luis Florido, Henry Ramos Allup, Richard Blanco, Marianela Magallanes, Simón Calzadilla e Amerigo De Grazia. A Suprema Corte venezuelana já autorizou processar criminalmente os legisladores por crimes como traição à pátria e conspiração.
O presidente da ANC, Diosdado Cabello, celebrou a abertura dos processos criminais contra os deputados e afirmou que mais três deputados serão ainda submetidos ao mesmo procedimento. Os seus nomes, entretanto, não foram revelados.
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"O que está vindo? Julgamento. Estamos fazendo a coisa certa. Foi um ato em flagrante, portanto, não é necessário requisito ou pré-julgamento de mérito, vão diretamente a julgamento", disse Cabello.
A ONG de direitos humanos Foro Penal reportou na terça-feira que "apenas em 2019 houve 2.014 detenções por razões políticas na Venezuela, sobretudo durante protestos contra Maduro. Do total, mais de 800 pessoas continuam presas, incluindo uma centena de militares que se voltaram contra o presidente.
Ainda segundo a organização, 338 civis e militares foram detidos após a rebelião da semana passada. Por sua vez, a promotoria venezuelana contabiliza “aproximadamente 233 pessoas detidas” no levante, além de cinco mortos nas manifestações oposicionistas do dia seguinte, 1º de maio. O órgão judiciário venezuelano também solicitou a emissão de 18 ordens de captura contra “civis e militares conspiradores”.