Oito homens e uma mulher nascidos no Sri Lanka foram os responsáveis pelos ataques a bomba que deixaram 359 mortos e 500 feridos no domingo de Páscoa, em três igrejas e quatro hotéis do país. A polícia nacional identificou oito dos extremistas e apontou que a maioria deles tinha boa educação formal e havia crescido nas classes média ou alta cingalesas.
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Por meio de sua agência de propaganda, o Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados, mas citou a ação de apenas sete terroristas. O ministro da Defesa do Sri Lanka , Ruwan Wijewardene, contou a jornalistas nesta quarta-feira que nove suicidas agiram coordenadamente nos ataques.
"Eles eram independentes financeiramente, e suas famílias tinham significativa estabilidade financeira", destacou Wijewardene.
O vice-ministro acrescentou que a investigação indica que um dos homens-bomba estudou no Reino Unido e fez um curso de pós-graduação na Austrália antes de retornar ao país natal. Segundo a BBC , as autoridades britânicas agora investigam com quem ele se encontrou e se relacionou antes de cometer o atentado.
Fontes da investigação relataram à agência France Presse que dois irmãos, filhos de um rico comerciante de especiarias da capital Colombo, tiveram papel fundamental nos ataques. Um se explodiu no hotel Shangri-La, o outro, no Cinnamon Grand.
O governo do Sri Lanka declarou estado de emergência, no esforço de evitar novos atentados no país, e abriu caminho para que a polícia pudesse deter qualquer suspeito sem a necessidade de ordem judicial. Cerca de 60 pessoas foram detidas no escopo da investigação, que se estendeu para a apuração dos elos dos suicidas com extremistas estrangeiros, como os ligados ao Estado Islâmico.
As autoridades cingalesas culpam o grupo local National Thowheed Jamath (NTJ) pelas explosões, mas não descartam o envolvimento do Estado Islâmico. A avaliação é de que atentados de tamanha proporção e coordenação — um dos mais sangrentos desde o 11 de setembro, nos Estados Unidos — não poderiam ser organizados apenas por células locais, segundo Wijewardene. "Houve treinamento e coordenação que nós nunca vimos antes", ressaltou.
Wijewardene admitiu que houve uma falha considerável de inteligência antes dos ataques. Relatos de alertas de ataques não desencadearam uma reação pois foram encobertos em função de desavenças no alto escalão do governo.
Lakshman Kiriella, o líder do Parlamento do Sri Lanka , disse que autoridades graduadas omitiram deliberadamente informações sobre iminentes ataques. "Algumas autoridades de inteligência de alto escalão ocultaram informações de inteligência propositalmente. As informações estavam lá, mas as autoridades de segurança de alta patente não adotaram as devidas ações", afirmou Kiriella ao Legislativo.