O governo do Sri Lanka atribuiu nesta segunda-feira a um grupo islâmico até então pouco conhecido, o Thowheed Jamath Nacional, a série de atentados suicidas a três igrejas católicas e quatro hotéis que deixou ao menos 290 mortos e 500 feridos no domingo de Páscoa.
De acordo com o porta-voz do governo, Rajitha Senaratne, a preparação dos ataques terroristas no Sri Lanka teria contado com o apoio de uma rede internacional. "Não acreditamos que esses ataques tenham sido executados por um grupo de pessoas confinado a este país. Houve uma rede internacional sem a qual esses ataques não poderiam vingar", disse Senaratne.
Segundo um comunicado oficial, o presidente Maithripala Sirisena vai pedir ajuda internacional para traçar as ligações dos atacantes. "Relatórios de inteligência indicam que organizações terroristas internacionais estão por trás dos terroristas locais", afirma o comunicado.
A polícia prendeu 24 pessoas suspeitas de ligação com os atentados e o governo declarou estado de emergência a partir de meia-noite desta segunda (14h no Brasil). Um toque de recolher entre 20h (meio-dia no Brasil) e 4h (20h no Brasil) continuará a vigorar.
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O governo decretou esta terça-feira um dia oficial de luto. As redes sociais e serviços de mensagem eletrônica continuam bloqueadas pelo governo, com a justificativa de evitar a disseminação de mensagens falsas.
Os muçulmanos são apenas 9,7% da população do país, 70% dela budista. Hindus são 12,6% da população e os cristãos, 7%, segundo o censo de 2012. Depois de uma longa guerra civil entre o governo e separatistas da minoria tamil, encerrada em 2009, o país viveu um período de relativa calma até incidentes envolvendo ataques de grupos budistas radicalizados a comércios e locais de culto muçulmanos, no ano passado. Ainda assim, o ataque foi totalmente inesperado e surpreendeu analistas locais.
"O Sri Lanka jamais assistiu a esse tipo de ataque, coordenado, múltiplo com muitas vítimas, nem com os Tigres Tamil durante a brutal guerra civil", disse Alan Keenan, diretor no país do centro de estudos de conflitos International Crisis Group, ao jornal Financial Times . "Não estou convencido de que os atentados tenham sido planejados localmente. Acho que a dinâmica é global, não motivada por um debate nacional", completou.
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Houve quem relacionasse os atentados no Sri Lanka ao Estado Islâmico (EI), que já realizou ataques na Páscoa no Paquistão em 2006 e na Nigéria em 2012. No entanto, ninguém reivindicou a autoria. Murtaza Jafferjee, da consultoria de negócios JB Securities, lembrou que não faria sentido para a minoria muçulmana do país atacar outra minoria, os cristãos. "As pessoas estão especulando que há uma conexão com o Estado Islâmico, de que os autores seriam pessoas que voltaram de zonas de combate no exterior", disse ele.