O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, notificou oficialmente o Conselho Constitucional nesta terça-feira (2) sobre sua decisão de renunciar ao cargo. A informação é da agência oficial Algérie Presse Service (APS) , confirmando o fim do regime de 20 anos após diversas semanas de protestos populares contra o mandatário.
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O presidente da Argélia de 82 anos se tornara alvo de manifestações após o anúncio de sua candidatura a um quinto mandato nas próximas eleições, embora esteja doente há muito tempo. Pressionado pelas ruas, Bouteflika abdicou de disputar o pleito.
Os protestos, no entanto, continuaram, e o mandatário passou a ser cobrado também pela cúpula militar.
"Não podemos perder tempo", diz uma nota divulgada nesta terça pelo chefe do Estado Maior das Forças Armadas , general Ahmed Gaid Salah, que defendia a destituição imediata de Bouteflika.
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A renúncia pode ser uma tentativa do grupo conhecido como "Le Pouvoir" (O Poder) de conter as manifestações e garantir a manutenção do regime, que já não depende mais de Bouteflika. O "Poder" engloba militares, políticos e empresários que dão sustentação ao governo e é liderado por Said Bouteflika, irmão do presidente.
No poder desde abril de 1999 e um dos líderes da Revolução Argelina, o mandatário não faz um discurso público há cerca de sete anos e sofreu dois derrames nesse período. Seu real estado de saúde é cercado de mistério, e Bouteflika venceu as últimas eleições, em 2014, sem fazer campanha.
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A oposição alega que o presidente da Argélia está incapacitado de governar e que o comando do país está nas mãos de um estreito círculo de aliados. A economia argelina é baseada na exportação de petróleo e gás e foi duramente atingida pela queda dos preços no mercado internacional, o que levou a cortes em programas sociais que ajudavam a conter a insatisfação popular.
*Informações da Ansa