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Reprodução/ Lund University

Firas Jumaah voltou ao Iraque para salvar sua família e ficou preso em região de invasão do Estado Islâmico

A professora de química Charlotta Turner, da Universidade de Lund, na Suécia, juntou esforços para organizar o resgate de um doutorando retido em uma região do Iraque controlada pelo grupo terrorista Estado Islâmico, em 2014. Apesar de o episódio ter acontecido há quatro anos, a revista LUM – veículo oficial da universidade – só divulgou a história nesta semana.

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Tudo começou em agosto de 2014, quando a professora, de 48 anos, recebeu uma mensagem de um de seus doutorandos, Firas Jumaah, dizendo que havia voltado ao Iraque, sua terra natal, a fim de proteger a esposa e os dois filhos da invasão do Estado Islâmico à sua cidade, no norte do Iraque.

Jumaah era doutorando em química da instituição e ainda não havia terminado sua tese, quando precisou pegar um avião para voltar ao Iraque e proteger sua família. O temor era de que os militantes do grupo terrorista invadissem vilarejos da região, para matar homens e tomar as mulheres como escravas – algo que comumente acontece com os membros da etnia yazidi, à qual Jumaah e sua família fazem parte.

Enquanto estava com sua família no Iraque, o doutorando pediu a Charlotta que o tirasse do programa de doutorado, caso ele não retornasse em uma semana. Surpreendida, a professora descobriu que Jumaah e sua família estavam em situação de vida ou morte, já que uma ofensiva mortal estava sendo conduzida ao Iraque, pelo Estado Islâmico.

A cidade de Sinjar, perto de onde a família do doutorando estava, foi massacrada e escravizada pelo grupo terrorista. O plano elaborado por Jumaah era o de retornar para a Suécia com a esposa e os filhos, mas não conseguiu colocá-lo em prática antes que a fronteira fosse fechada e ele não pudesse mais voltar ao aeroporto.

Enquanto a família esperava por uma situação mais oportuna, em uma fábrica de alvejantes abandonada, o ISIS continuou avançando cada vez mais perto de onde Jumaah estava. Por telefone, o doutorando contou a Charlotta que ele e sua família se preparavam para se esconder nas montanhas ao norte do Iraque .

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De acordo com a revista, o doutorando teve que conviver, além da pouca comida e do forte cheiro dos produtos, com uma temperatura de 45°C, durante semanas.

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Reprodução/ Lund University

A professora Charlotta Turner organizou uma equipe de resgate para salvar seu doutorando de região dominada pelo Estado Islâmico

Foi então que a professora entrou em contato com a Universidade de Lund, que concordou em ajudar, e telefonou para o chefe de segurança Per Gustafson, que informou que havia contratado empresas de segurança e transporte que existiam em diversas partes do mundo.

Um grupo de seis mercenários armados, em dois veículos com tração nas quatro rodas, partiu em resgate ao doutorando, sua mulher e seus dois filhos. Após o sucesso da operação, todos foram levados – protegidos com coletes à prova de balas e capacetes– ao aeroporto de Erbil, para embarcarem em direção à Suécia.

Após voltar ao país europeu, Jumaah terminou sua tese, conseguiu trabalho em uma empresa farmacêutica na cidade de Malmo e tem permissão permanente para morar na Suécia.

"No Iraque, não podia dizer que era yazidi . Na Suécia, sou tão digno quanto todo mundo. Eu me sinto forte, pertenço à sociedade e cumpro com meus deveres por isso", contou o doutorando à revista LUM .

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Em 2014, Charlotta e Jumaah decidiram que não falariam sobre o assunto por questões de segurança, porém, neste ano, o jornalista sueco Hedvig Nilsson fez um documentário sobre o acontecido, chamando a atenção mundial para a operação de resgate contra o Estado Islâmico .

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