Vencedores do Nobel da Paz recebem prêmio e pedem pelo fim da impunidade dos atores de violência sexual
Reprodução/ Twitter Denis Mukwege
Vencedores do Nobel da Paz recebem prêmio e pedem pelo fim da impunidade dos atores de violência sexual

Os vencedores do prêmio Nobel da Paz, o médico congolês Denis Mukwege e a yazidi Nadia Murad, ex-escrava de extremistas , aproveitaram o prêmio que receberam para pedir o fim da impunidade dos autores de violências sexuais.

Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (10) em Oslo, capital da Noruega, ambos receberam a medalha de ouro e o certificado do Nobel da Paz, além de um cheque de 9 milhões de coroas suecas (US$ 993 mil), como homenagem pela luta contra a violência sexual usada como “arma de guerra”.

Murad falou sobre sua experiência como escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico , situação à qual foi submetida após uma ofensiva no Iraque, em 2014. A jovem conseguiu escapar do grupo, mas, assim como acontece com muitas mulheres yazidis, teve mãe e irmãos assassinados e levanta bandeira contra a violência com o objetivo de fazer com que a perseguição ao povo curdo seja reconhecida como genocídio.

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Durante a cerimônia, a jovem ainda falou sobre a injustiça para com as vítimas, já que nenhum membro do Estado Islâmico foi julgado e seus atos de violência sexual continuam até hoje. "O único prêmio no mundo que pode restaurar nossa dignidade é a justiça e a punição aos criminosos", declarou Murad.

De acordo com Mukwege, que atua na República Democrática do Congo (RDC), o certificado recebido não acabará com a violência, nem como os ataques às mulheres, grávidas, crianças e bebês, mas poderá ajudar na abertura de portas na luta contra o estupro .

O ginecologista atende, há duas décadas, vítimas de violência sexual no hospital de Panzi, localizado em Bukavu, no leste do Congo, área caracterizada pela violência constante. Mukwege é um grande crítico do regime do presidente Joseph Kabila e tem significativa influência no exterior – mais até que no próprio país.

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Em suas viagens frequentes, o vencedor do Nobel da Paz procura alertar sobre as tragédias que acontecem dentro do Congo e, assim como Murad, denunciar o uso do estupro como mecanismo de destruição em massa. "Nos conflitos armados, [...] a transformação dos corpos das mulheres em campo de batalha é um ato inadmissível em nosso século."

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