Depois de 40 anos de atentados, sequestros e extorsões, o grupo separatista basco ETA anunciou nesta quinta-feira (3) “a dissolução completa de todas as suas estruturas”. A organização, que em 2011 renunciou à luta armada, divulgou a carta assinada com o símbolo da cobra enrolada no machado. As informações são do El Mundo.
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“ ETA
decidiu dar por encerrado seu ciclo histórico e sua função, dando fim à sua existência. Portanto, ETA dissolve completamente todas suas estruturas e dá por encerrada sua iniciativa política”, diz a carta divulgada pela imprensa espanhola hoje.
No dia 18 de abril, foi divulgada a intenção de dissolução do grupo terrorista, mas o anúncio oficial era esperado no primeiro fim de semana de maio. Dois dias depois, em 20 de abril, o ETA reconheceu, em um comunicado, “o dano causado às vítimas”, ainda afirmando que “sentia muito” e que “pede perdão” pelos danos causados pela luta armada pela independência do País Basco, na Espanha.
Ato oficial de dissolução do ETA
Um ato oficial de fim do grupo é esperado para a manhã da sexta-feira (4), na região basca de Cambo-les-Bains, e deve concluir o processo com a leitura de uma declaração aos representantes da comunidade internacional.
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Com isso, termina a insurreição armada que deixou ao menos 829 mortos. Contudo, associações de vítimas do grupo separatista reclama pendente a situação de cerca de 300 presos na Espanha e na França, exigindo que sejam declarados culpados pelos crimes. O ETA é considerado como terrorista em toda a União Europeia.
Criado em 1959, durante a ditadura de Francisco Franco, o grupo Euskadi Ta Askatasuna (basco para "Pátria Basca e Liberdade”) cometeu as primeiras ações violentas no início da década de 1960. O governo franquista foi acusado de reprimir a cultura basca – porém o grupo intensificou os atentados após a morte de Franco.
Grupo de vítimas está "insatisfeito"
O coletivo “Covite”, formado por vítimas do grupo separatista, manifestou ontem o descontentamento em relação à dissolução. Em um anúncio, as vítimas afirmam que “não é esse o final que esperávamos, deveria ser diferente”, segundo a presidente do Covite Consuelo Ordóñez, irmã do político basco Gregorio , assassinado pelo grupo em 1995.
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A associação de vítimas exige que os 853 assassinatos cometidos não sejam “zerados”, ainda insiste que 358 crimes do ETA ainda precisam ser esclarecidos. E também pede que os membros da organização "assumam sua responsabilidade histórica e criminal".