O Chile realiza neste domingo (19) a sétima eleição presidencial desde o retorno da democracia, em 1990, e deverá registrar um baixo comparecimento nas urnas. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo , analistas chilenos apontam que cerca de 6,7 milhões de eleitores deverão sair de casa para escolher o futuro presidente do país. O número representa, aproximadamente, 48% dos mais de 14 milhões registrados. O voto não é obrigatório nas eleições chilenas desde 2015.
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Os oito candidatos disputam a sucessão de Michelle Bachelet , que ocupa seu segundo mandato desde 2014. Esta é a primeira vez em que a coalizão de centro-esquerda, que elegeu a atual presidente, participa das eleições de forma dividida, o que favoreceu o empresário bilionário e ex-presidente do Chile , Sebástian Piñera , de centro-direita. Ele ocupou o cargo entre 2010 e 2014, mas não disputou o último pleito por conta da proibição de reeleição presidencial consecutiva.
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Segundo o instituto local Cadem, Piñera conta com 45% das intenções de voto. Em seguida, está o candidato de Bachelet, Alejandro Guillier, de centro-esquerda, com 23%. Além dele, outros três candidatos representam o antigo grupo de centro-esquerda Concertación ("pacto", na tradução para o português), batizado de Nova Maioria, em 2013. Entre eles, a mais popular é Beatriz Sánchez, com 14% das intenções de voto.
Não fosse o racha, ela estaria na mesma coligação de centro-esquerda com Guillier. No entanto, a queda na popularidade de Bachelet contribuiu para a sua saída. Desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), o grupo conseguiu eleger todos os governos, com exceção de um: o do próprio Piñera.
A pesquisa também aponta Carolina Goic, de centro-esquerda, e José Antonio Kast, de direita, com 6% das intenções de voto cada, e Marco Enríquez Ominami, de esquerda, com 5%. Caso nenhum dos candidatos alcance 50% dos votos válidos, um segundo turno será realizado em 17 de dezembro. Neste cenário, o levantamento aponta Piñera com 50% da intenção de votos e Guillier, 38%. Outros 12% dos eleitores ainda se mostram indecisos.
Como lembra a agência de notícias "EFE", esta é a primeira eleição presidencial sem o voto obrigatório. Em 2015, as eleições municipais contaram com esse modelo e tiveram abstenção ede 65%. A votação também elegerá 155 parlamentares para a Câmara dos Deputados e 23, para o Senado chileno. Os eleitores também deverão definir os 278 membros dos 15 conselhos regionais.
Popularidade de Bachelet em baixa
Bachelet, que concluiu seu primeiro mandato em 2010 com aprovação de 80%, deixará o governo em março e, atualmente, possui somente 32% de popularidade. Uma das razõe apontadas por analistas é o desempenho da economia, afetada pela queda do preço do cobre, principal produto de exportação do país.
Eleita pela revista Forbes como a quarta mulher mais poderosa do mundo, a presidente chilena legalizou o casamento gay num país onde ser homossexual era crime até 1999 e o aborto em casos de estupro, risco de morte para a mãe e má formação do feto. Também foram realizadas reformas na educação, com o objetivo de ampliar o acesso gratuito a colégios e universidades, e no sistema tributário, que aumentou a cobrança de impostos para grandes empresas.
Para o sociólogo Eugenio Guzmán, a classe média tinha grandes expectativas com as promessas de Bachelet. E muito do que fez ainda não surtiu efeito. Por outro lado, a desaceleração econômica foi percebida imediatamente. Em seu governo, o Produto Interno Bruto (PIB), isto é, a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu em média 2%, metade do que era registrado no primeiro governo de Piñera, quando o preço do cobre estava em alta.
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Escândalos de corrupção envolvendo diversos partidos – e o filho e a nora de Bachelet – também contribuíram para a desilusão dos eleitores com os políticos. Segundo pesquisa do Centro de Estudos Políticos (CEP), 60% dos eleitores do Chile não se identificam com os partidos atuais, aumentando a expectativa de baixa adesão nas eleições presidenciais.
* Com informações da Agência Brasil.