Um estudo divulgado nesta terça-feira (6), pelo Grupo Consultivo sobre Crise Climática (CCAG - Climate Crisis Advisory Group) as tentativas globais de reduzir as emissões em escala mundial falharam e simples reduções de emissões já não são adequadas para reposicionar a trajetória em direção a um futuro seguro e gerenciável para a humanidade.
O relatório destaca a necessidade de adotar medidas para uma avaliação crítica de todas as intervenções climáticas , abrangendo desde a remoção do excesso de gases de efeito estufa da atmosfera até a reparação de componentes dos sistemas climáticos globais e regionais.
“Embora seja claro que plantar árvores por si só não resolverá a crise climática, será necessário preservar as paisagens naturais e restaurar o maior número possível de ecossistemas da Terra para manter um sistema climático saudável. Da mesma forma, o CDR não é uma solução definitiva para enfrentar a crise climática, mas as técnicas podem ser a nossa única esperança se o excesso – decorrente do atraso na eliminação progressiva dos combustíveis fósseis – exceder níveis críticos”, comenta Gustavo Alves Luedemann, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e membro brasileiro do CCAG.
“Portanto, é urgente que tenhamos discussões abertas entre as mais diversas partes interessadas sobre a questão, e que promovamos o envolvimento na ação climática”, finaliza.
À medida que o mundo se encaminha para ultrapassar provavelmente o limite de 1,5 °C e os impactos da crise climática continuam a se agravar, os cientistas ressaltam que o enfoque em intervenções climáticas irá aumentar significativamente. Conforme indicado no relatório, a implementação bem-sucedida de estratégias exigirá uma governança robusta e diretrizes claras, demandando níveis sem precedentes de cooperação internacional.
Dessa forma, é necessário desenvolver políticas específicas para cada etapa do processo de remoção de dióxido de carbono, bem como realizar pesquisas para a implementação dessas técnicas. Será fundamental considerar que os impactos sociais, econômicos e ambientais variarão conforme a região de implementação desses programas, o que influenciará a aceitabilidade dessas intervenções, como destacado no documento.
Apesar de o relatório destacar a importância de examinar e avaliar intervenções climáticas potenciais, também reconhece que tanto a Remoção de Dióxido de Carbono (CDR) quanto a reparação climática só contribuirão efetivamente para atingir os objetivos climáticos se houver uma intensificação simultânea na redução profunda e rápida das emissões de gases de efeito estufa.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em áreas continentais, as ondas de calor podem ser de duas a três vezes mais intensas no cenário acima de 2ºC em comparação com o de 1,5ºC. O aumento na projeção para 2ºC resultaria em um número significativamente maior de espécies de animais e plantas ameaçadas de extinção em comparação com a projeção de 1,5ºC.
O aquecimento global a 2ºC aumentaria a probabilidade de ocorrência de secas extremas, além de contribuir para a escassez de chuvas e os riscos associados à falta de água. Embora os ciclones tropicais possam ocorrer com menor frequência, a projeção para 2ºC indica um aumento no número de ciclones com intensidade muito forte, em comparação com a projeção de 1,5ºC. Esse fator é acentuado no cenário de 2ºC.
Além disso, a Organização Meteorológica Mundial
divulgou em novembro que os gases do efeito estufa atingiram novo recorde no último ano. Segundo o estudo, no ano de 2022, o dióxido de carbono (CO2), gás de efeito estufa de maior concentração na Terra, ultrapassou mais de 50% os níveis da era pré-industrial (1750), chegando a 417,9 ppm. Em relação a 2021, o aumento do CO2 na atmosfera foi de 0,5%.