A produção científica brasileira registrou um significativo aumento desde 1996, acompanhado por um crescimento de 21% no impacto acadêmico dos trabalhos publicados no mesmo período. Estes dados são do relatório da Agência Bori, em colaboração com a Elsevier, lançado nesta terça-feira (28).
O documento faz uma análise do impacto dos artigos científicos com autores brasileiros, abrangendo o período de 1996 a 2022. Durante esse intervalo, o número de artigos científicos publicados aumentou notavelmente, passando de 8,3 mil em 1996 para 74,6 mil em 2022, representando um crescimento de 9 vezes.
Os dados indicam que a proporção de artigos científicos de brasileiros entre os 10% mais citados registrou um aumento de 5,4% em relação ao total de artigos publicados no período. Essa análise utilizou o indicador "Top 10%", que avalia a quantidade de artigos científicos publicados que se encontram entre os 10% mais citados globalmente. Em outras palavras, trata-se da ciência com maior impacto acadêmico.
Para realizar os cálculos, utilizou-se a ferramenta SciVal, que facilita a análise de dados provenientes de 85 milhões de publicações científicas ao redor do mundo, presentes na base de dados Scopus. Ambas as ferramentas, SciVal e Scopus, são propriedade da Elsevier.
“Isso significa que os cientistas de instituições de pesquisa do Brasil estão publicando cada vez mais trabalhos que estão entre aqueles que têm maior impacto acadêmico do mundo”, diz Dante Cid, Vice-Presidente de Relações Acadêmicas da Elsevier para a América Latina
O relatório "Impacto de citações da produção científica brasileira cresceu 21% entre 1996 e 2022 em relação à média mundial" concentrou-se exclusivamente nas publicações do tipo "artigo científico" e abordou países que, em 2021, divulgaram mais de 10 mil artigos científicos, incluindo o Brasil. Esse critério englobou um total de 51 países. Já para a análise do contexto nacional, foram consideradas todas as instituições de pesquisa do Brasil que publicaram mais de mil artigos científicos em 2021, totalizando 35 instituições.
“Acompanhar a produção científica é fundamental para as políticas públicas e para a definição de estratégias na área”, defende Cid. “A proposta desta série é ter um retrato da produção científica nacional e munir o debate público com informações relevantes para políticas científicas e para tomadas de decisão”, defende.
“A conclusão desse estudo é que mesmo com o aumento quantitativo das publicações científicas brasileiras, ainda assim conseguimos também aumentar em qualidade. Muitas vezes, temos um aumento quantitativo enorme, mas não necessariamente qualitativo”, conclui.
Impacto cientifico
Dez instituições de pesquisa brasileiras alcançaram uma visibilidade científica acima da média mundial no período de 2020 a 2022. Notavelmente, as universidades estaduais paulistas USP, Unicamp e Unesp lideram as instituições brasileiras, com um maior volume de artigos de seus pesquisadores figurando entre os 10% mais citados mundialmente no período de 1996 a 2022.
O termo "impacto acadêmico" da pesquisa brasileira refere-se ao número de vezes que um artigo científico é citado em comparação com outros na mesma área de conhecimento ao longo de um período específico. Para conduzir essa análise, utilizou-se o indicador Field Weighted Citation Impact (FWCI) da Elsevier. Esse indicador mensura o impacto dos artigos científicos ao considerar a quantidade de citações ponderadas por área do conhecimento.
O FWCI (Field Weighted Citation Impact) da ciência brasileira experimentou um aumento de 0,7 em 1996 para 0,85 em 2022, com pequenas flutuações ao longo do período e uma tendência de alta. Portanto, de 1996 a 2022, a média do FWCI no Brasil foi de 0,85.