Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura
Alberto César Araújo/Amazônia Real - 18.07.2022
Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura

Em 2022, o desmatamento na Amazônia bateu um novo recorde : a floresta perdeu 10.573 km² de cobertura vegetal, o equivalente a 3 mil campos de futebol por dia. Este é o maior nível de destruição registrado nos 15 anos de levantamento por satélite feito pelo instituto Imazon , que disponibilizou os dados nesta quarta-feira (18).

Segundo o levantamento , durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a floresta perdeu 35.193 km² de cobertura vegetal, área superior à de todo o estado de Alagoas e 150% maior do que a desmatada nos quatro anos anteriores.

O último mês do mandato do ex-capitão teve a maior alta do ano na derrubada: em dezembro, houve uma perda florestal de 287 km² e um aumento de 105% em relação ao mesmo mês de 2021.

Carlos Souza Jr., coordenador do monitoramento da Amazônia no Instituto, explica esse crescimento. “No último mês do ano, houve uma corrida desenfreada para desmatar enquanto a porteira estava aberta para a boiada, para a especulação fundiária, para os garimpos ilegais e para o desmatamento em terras indígenas e unidades de conservação. Isso mostra o tamanho do desafio do novo governo”.

Em 2022, o estado que mais desmatou em foi o Pará, com 37% do total (3.874 km²), seguido pelo Amazonas, com 24% (2.575 km²), e Mato Grosso, com 15% (1.604).

Cotado como sede da COP 30, a conferência climática das Nações Unidas, em 2025, os níveis de desmatamento no Pará mais que quintuplicaram nos últimos 6 anos. Em 2017, foram desmatados 528 km². Nos anos seguintes o desmatamento foi crescente. Foi de 1.378 km² em 2018, superou os 2.000 km² nos dois anos seguintes e, em 2021 e 2022, ficou acima de 3.000 km².

De 2018 a 2022 foram destruídos 12.579 km² de florestas no estado.

No total da Amazônia, 80% da área desmatada em 2022 eram em terras federais. Entretanto, os levantamentos não isentam as unidades estaduais da responsabilidade pelo crescimento da devastação. Nos territórios estaduais, houve no ano passado um aumento de 11% no desmatamento em relação a 2021.

“Esperamos que esse tenha sido o último recorde de desmatamento reportado pelo nosso sistema de monitoramento por satélites, já que o novo governo tem prometido dar prioridade à proteção da Amazônia”, disse a pesquisadora Bianca Santos, da Imazon, no material divulgado pelo Instituto.

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