O secretário de Estado do Vaticano , cardeal Pietro Parolin , discursou nesta terça-feira (8) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27 , em Sharm el-Sheik, no Egito, e alertou que a humanidade tem "pouco tempo" para tomar medidas e salvar o planeta.
"A crise socioecológica que estamos vivendo é um momento propício para a conversão individual e coletiva e para decisões concretas e não mais adiáveis. O rosto humano da emergência climática nos desafia profundamente. Nós temos o dever moral de agir concretamente para prevenir e responder aos impactos humanitários sempre mais frequentes e graves causados pelas mudanças climáticas", disse o número dois do Vaticano.
Entre os principais problemas destacados pelo enviado do papa Francisco, está o "crescente fenômeno dos migrantes desabrigados" por conta de tragédias climáticas que atingem seus locais de moradia.
"Também quando eles não têm acesso à proteção internacional, os Estados não podem sair sem uma solução tangível, também nas áreas de adaptação, mitigação e resiliência. É importante reconhecer a migração como uma forma de adaptação e aumentar a disponibilidade e a flexibilidade dos caminhos para a migração regular", acrescentou.
Segundo Parolin, "de maneira preocupante, precisamos admitir que os eventos globais como a Covid-19 e o número crescente de conflitos em todo o mundo, com as suas graves consequências éticas, sociais e econômicas, arrisca minar a segurança global, exacerbar a insegurança alimentar e talvez obscurecer os nossos esforços aqui em Sharm el-Sheik - e não podemos permitir que isso aconteça".
O secretário de Estado afirmou que, mesmo que os políticos demorem em atuar medidas concretas, a "mudança climática não vai nos esperar" porque o nosso mundo "é muito interdependente e não pode permitir que se estruturem blocos isolados e insustentáveis de países".
"Precisamos ser responsáveis, corajosos e mirar no futuro não só para nós mesmos, mas para os nossos filhos. A nossa vontade política deve ser guiada pela consciência de que ou vencemos juntos ou perderemos juntos. Precisamos admitir que o caminho para atingir os objetivos do Acordo de Paris são complexos e que temos cada vez menos tempo a disposição para corrigir essa rota. A COP27 nos dá uma nova oportunidade que não pode ser desperdiçada", pontuou ainda.
O cardeal ainda destacou em seu discurso que essa é a primeira vez que a Santa Sé participa da reunião da ONU como um dos Estados-parte seja da Convenção do Clima como do Acordo de Paris. A fala refere-se ao fato de que o Vaticano assinou os documentos no início de outubro deste ano.
"Esse importante passo é coerente com o anúncio do papa Francisco em 2020 de que a Santa Sé estaria empenhada em atingir o objetivo de zero emissões poluentes em dois níveis. [O primeiro] é estar compromissado em reduzir as emissões a zero antes de 2050 na Cidade do Estado do Vaticano, intensificando os esforços para melhorar a própria gestão ambiental, esforços já em prática há vários anos. Em segundo, a Santa Sé está empenhada em promover a educação da ecologia integral", acrescentou.
Os cuidados com o planeta são um dos principais pilares do pontificado de Francisco desde que ele assumiu em 2013 e o tema é reforçado em inúmeros discursos do chefe da Igreja Católica. Inclusive, o cuidado com a "criação" e os problemas socioecológicos foram o principal assunto da encíclica Laudato Sì (Louvado Seja) em 2015.
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