Local onde investigadores fizeram buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira
Reprodução - 15.06.2022
Local onde investigadores fizeram buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira

Após a localização dos restos mortais de dois corpos e a confissão de um suspeito preso, a Polícia Federal inicia uma nova etapa na investigação que busca esclarecer o que aconteceu com o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, que estão desaparecidos desde o dia 5 de junho no Vale do Javari, na Amazônia.

Segundo a PF, o principal suspeito, Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, admitiu o duplo assassinato por “disparo de arma de fogo”. A partir desta quinta-feira, os investigadores começam a fazer o exame de DNA no material genético encontrado. Também está programada para hoje a localização do barco que era usado pela dupla e que teria sido afundado pelos criminosos para ocultar o assassinato. As armas e munições utilizadas no crime também estão sendo procuradas.

Escavados num igapó a 3 quilômetros da margem do Rio Itaquaí, no extremo Oeste do Amazonas, os "remanescentes mortais" - como definiu o ministro da Justiça, Anderson Torres - chegam a Brasília na noite desta desta quinta. A capital federal abriga a sede do laboratório de criminalística da PF - o inquérito, no entanto, continua a ser conduzido de Manaus. A previsão é que, dependendo da qualidade da amostra, o exame fique pronto até o fim da próxima semana.

"O exame de DNA trará robustez à investigação não só por identificar as vítimas, mas também para comparar com eventuais vestígios que serão encontrados nos locais. E a partir daí se monta a dinâmica do crime. Geralmente, o exame é feito com um prazo de 30 dias, mas é possível que seja concluído em até 10 dias", explica o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo.


Os peritos ainda devem fazer o exame necroscópico nos corpos para tentar aferir o que causou a morte dos dois - quantos disparos foram feitos e se eles realmente faleceram por arma de fogo. A PF não quis informar em que estado eles foram encontradas, mas há a suspeita de que foram cortados e queimados antes de serem enterrados. A PF chegou ao local de "dificílimo acesso" por indicação do Amarildo durante a sua confissão, segundo o superintendente da corporação no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes.

Uma semana antes, indígenas do Vale do Javari ajudaram os policiais a encontrar uma mochila, um notebook e chinelos do jornalista e do indigenista que estavam amarrados em uma árvore submersa na água, a alguns quilômetros de onde foram localizados os restos mortais.

Paralelamente ao processo de confirmação de materialidade do crime, a PF busca avançar na questão da autoria e motivação. "A princípio, ele [Amarildo] alega que foi disparo de arma de fogo, mas temos que aguardar a perícia realmente para ela dizer, identificar qual foi a causa da morte, as circunstâncias e a motivação aliado ao que nós temos produzido e vamos produzir", afirmou o superintendente do Amazonas, nesta quarta-feira.

Além de Amarildo, também foi preso o irmão dele, Oseney Oliveira, conhecido como Dos Santos, na última terça-feira. Os investigadores apuram a participação de pelo menos outras três pessoas no crime. E não descarta a realização de novas detenções.

Uma reconstituição do crime já foi feita nesta semana, mas outra ainda deve ser realizada com todo o trajeto que teria sido percorrido pela dupla. Praticamente toda a dinâmica do crime ainda precisa ser elucidada. Testemunhas relataram ter visto Amarildo e outros suspeitos perseguindo a lancha usada por Pereira e Phillips - na ocasião, o suspeito estaria portando uma espingarda e cintos de munição.

Também falta avançar na apuração do que realmente motivou o duplo homicídio e se há algum mandante por trás. O indigenista sofria ameaças de pescadores e caçadores ilegais da região. O GLOBO teve acesso a uma carta enviada à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) na qual a vítima e Beto Marubo, membro da entidade, são ameaçados de morte.

Saiba quais são os próximos passos da investigação do caso Bruno e Dom:

Primeiramente realizar o exame de DNA nos restos mortais dos dois corpos encontrados no Vale do Javari. A estimativa é que a perícia seja concluída até o fim da próxima semana. Então, localizar a embarcação em que Bruno e Dom navegavam no Rio Itaquaí, no extremo Oeste do Amazonas. O barco foi afundado, mas o local já foi indicado por um suspeito preso.  Encontrar as armas e munições utilizadas no crime. Testemunhas relataram que viram o principal suspeito portando uma espingarda e um cinto de balas. Fazer a análise necroscópica dos corpos para aferir se as vítimas realmente morreram de arma de fogo e quantos disparos foram feitos. Apurar a eventual participação de outras pessoas e de um possível mandante do assassinato.

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