O primeiro comício de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) num espaço público nesta quinta-feira em Belo Horizonte será a estreia de um amplo esquema de segurança da Polícia Federal (PF).
Durante o evento, haverá um grupo de integrantes do Comando de Operações Táticas (COT), unidade de elite da PF usada em situações de alto risco, snipers posicionados em pontos estratégicos, agentes à paisana e monitoramento do local por drone. Além disso, haverá uma força extra de membros da Polícia Militar, Guarda Municipal e do Departamento de Trânsito.
Toda essa estrutura foi planejada após serem identificadas nas últimas semanas ameaças contra o candidato a presidente do PT.
No dia 5 de agosto, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo (SP), recebeu uma ligação anônima de uma pessoa que disse que haveria uma suposta explosão no local quando Lula estivesse presente durante o lançamento do livro "Quatro décadas com Lula: O poder de andar junto", de Clara Ant, assessora especial do ex-presidente.
Horas antes de Lula chegar ao evento, a PF mobilizou uma equipe de agentes e peritos para fazer uma varredura em cada um dos pavimentos do prédio e no perímetro próximo. Todo tipo de objeto suspeito foi descartado às pressas pelos policiais. A situação foi controlada, mas a equipe ficou em alerta.
Ainda no início deste mês, durante viagens de Lula ao Nordeste, a PF identificou um grupo de WhatsApp no qual um dos integrantes faz uma ameaça contra o ex-presidente. No diálogo, uma pessoa descreve um plano de como executar um ataque e explica como sair sem ser identificado após o atentado. Após levantar informações sobre o caso, agentes descobriram que o suspeito estava em outro estado, distante do evento do qual o candidato do PT participaria.
Desde quando a PF assumiu a segurança do candidato petista, os policiais escrutinam a identidade de cada suspeito em eventos públicos. Durante os atos, por exemplo, agentes infiltrados observam o comportamento do público e direcionam atenção a qualquer pessoa que apresenta movimentações atípicas.
A varredura inclui também os funcionários que trabalham na montagem das estruturas de palco e na logística dos eventos políticas. Numa dessas verificações, antes de um ato em Campina Grande (PB), em 2 de agosto, foi identificada uma pessoa com mandado de prisão em aberto - que foi detida.
Em outras ocasiões, trabalhadores com antecedentes criminais foram afastados do serviço a pedido da segurança da campanha, comandada pelo delegado Andrei Rodrigues.
O primeiro evento oficial da campanha de Lula, um ato em uma fábrica de motores em São Paulo previsto para a manhã de terça-feira, 16, foi cancelado na segunda-feira por não haver tempo hábil para as verificações de segurança, instalação de palco e estrutura externa para acesso do candidato e por não ter saídas de emergências suficientes.
O esquema de segurança leva em conta o grau de exposição a que Lula está submetido, de acordo com a avaliação da PF. Em uma escala de 1 a 5, o ex-presidente está classificado com o mais alto nível de risco. Em função disso, a demanda por reforço no número de agentes da Polícia Federal encarregados de zelar pela integridade do candidato do PT durante as duas últimas viagens a Brasília gerou divergências na corporação.
O primeiro atrito ocorreu no final de julho. A equipe de Lula pediu à Superintendência da PF do Distrito Federal o apoio de 30 homens, mas só recebeu a metade disso.
Ontem, houve um novo episódio, como revelou a colunista do GLOBO Bela Megale. Os responsáveis pela segurança do petista solicitaram à superintendência um aumento do número de veículos para fazer a escolta de Lula à capital, onde ele acompanhou a posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No primeiro momento, o quantitativo foi negado. Diante da insistência, a PF do DF acabou atendendo ao pleito.
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