Na quinta-feira (5) a direção da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo (USP) emitiu uma nota, anunciando a suspensão das negociações com os estudantes grevistas. A direção afirmou que não há mais espaço para negociações e que as aulas serão retomadas no formato online. Segundo fontes ouvidas pelo Portal iG, os alunos grevistas seguem fazendo barricadas online na maioria das aulas.
"A 'greve' não é dos professores. As aulas não serão repostas. Haverá perda do semestre para aqueles que não voltarem às atividades", disse o diretor da São Francisco, Celso Fernandes Campilongo.
A greve dos alunos começou há duas semanas, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (SINTUSP) e da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (ADUSP). Todas as unidades da capital paulista seguem paralisadas. Os alunos têm nova assembleia agendada para segunda-feira (9).
Os grevistas concentram suas demandas em cinco principais áreas: contratação de mais professores, aumento do auxílio para a permanência estudantil, melhorias estruturais na USP Leste, realização de vestibular para indígenas e valorização dos direitos estudantis.
Os grevistas apresentam algumas exigências para a aquisição de novos docentes. A primeira é o retorno do gatilho automático para a contratação de professores. Atualmente, quando um professor falece, é exonerado ou se aposenta, a vaga não é automaticamente preenchida. Os alunos clamam por esse mecanismo para assegurar a reposição imediata das vagas.
Levantamento divulgado pela ADUSP revela que, no período de 2014 até agosto de 2023, o corpo docente da USP encolheu, passando de aproximadamente 6.000 professores para 4.900. Além disso, entre 1995 e 2022, o número de cursos de graduação aumentou em cerca de 150%, as vagas na graduação cresceram mais de 60%, o número de estudantes matriculados na graduação teve um aumento de 80%, e na pós-graduação, de 50%.
Em nota,
a reitoria da Universidade de São Paulo argumenta que houve importantes investimentos nas políticas de permanência estudantil, com o aumento em quase 60% nos recursos e ampliação do número de auxílios concedidos aos estudantes com necessidades socioeconômicas. E que as faculdades e escolas podem, se necessário, solicitar cargos para a contratação de docentes temporários para amenizar a morosidade encontrada na execução dos concursos.