Muito se fala sobre ansiedade, mas um termo ainda pouco conhecido, no âmbito da educação, é a ansiedade matemática . A condição atinge inúmeros estudantes, provocando impactos negativos na vida acadêmica. A professora Telma Pará, que atua na Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC), explorou o tema em um trabalho do pós-doutorado que realiza na Irlanda. A fim de ajudar alunos a superarem obstáculos no processo de aprendizagem da matemática.
O estudo foi presentado na conferência “Acessibilidade no Ensino de Matemática” (Sustaining Accessibility in Mathematics), realizada pela Escola de Matemática e Estatística da Faculdade Universitária de Dublin (UCD School of Mathematics and Statistics).
“Eu me sinto muito feliz pela oportunidade de apresentar um trabalho realizado com muito cuidado, introduzindo metodologias inovadoras que podem ter mudado a vida de alguns alunos, seja na escolha de carreira na área de exatas ou na matemática que ele realiza no dia-a-dia", comemorou a docente.
A ansiedade matemática é uma dificuldade de aprender a disciplina que vem acompanhada de experiências negativas e frustrações. Em consequência, o aluno pode reagir demonstrando, involuntariamente, sinais de fuga, luta ou congelamento, como estratégias para não comparecer à aula, por exemplo. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostram que somente 5% dos estudantes do Ensino Médio da rede pública têm aprendizado considerado adequado em matemática.
Desenvolvimento da pesquisa
Usando a metodologia Pesquisa-Ação Participativa, Telma desenvolveu o projeto " Enfrentando a Ansiedade Matemática : um estudo de caso em uma escola de Ensino Médio no Brasil". Ao longo de 16 encontros, a docente fez uma pesquisa em sala de aula para identificar o nível de ansiedade nos alunos, classificando como ansiedade moderada, alta ou extrema.
Após o reconhecimento, ela elaborou recursos que os ajudassem a enfrentar a ansiedade e desenvolver resiliência matemática, que é a capacidade de aprender ainda que haja dificuldade. Tais recursos são baseados em técnicas de respiração e relaxamento.
Telma contou que a experiência trouxe resultados positivos para os estudantes. Eles que conseguiram alcançar melhores notas na matéria, depois de participarem da pesquisa.
“Ao final do experimento, fizemos novamente a medição e houve redução de ansiedade, os alunos relataram que não se sentiam mais amedrontados em sala de aula, que sentiam mais conforto e que as aulas eram tranquilas. Apesar de ainda terem dificuldades, eles conseguiam participar e, inclusive, aos poucos começamos a ter discussões sobre problemas matemáticos em sala de aula, com um grupo ajudando o outro”, declarou a professora da Faetec.