A retomada gradual das aulas presenciais a partir de setembro no estado de São Paulo anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governador João Doria (PSDB)
e secretário de Educação, Rossieli Soares, pode fazer com que escolas particulares demitam os professores. O receio de entidades representativas dessas instituições é que a perda de alunos que não voltarão a frequentar as salas de aula durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) as obriguem a demitir os profissionais.
Devido ao anúncio que já havia sido feito da reabertura de alguns comércios e a liberação gradativas das atividades econômicas, as escolas se preparavam para voltar a receber os estudantes em julho e agosto, já que muitos pais precisam dos colégios abertos para poderem trabalham. A data em setembro, porém, pegou essas instituições de surpresa.
"Desde que anunciaram a abertura do comércio, a escola particular começou a se preparar para receber os alunos dessas famílias. Não queremos voltar com todos os estudantes de uma vez, mas dar o suporte para os pais que precisarem", disse o presidente do sindicato das escolas particulares do estado (Sieeesp) Benjamin Ribeiro ao jornal Folha de S. Paulo .
A análise de Ribeiro é a de que, sem as escolas funcionando, os pais terão que pagar serviços de babás para as crianças, o que fará as famílias cortarem os gastos com educação.
"A rede particular em São Paulo tem a maioria dos alunos vindos das classes C e D. As famílias não irão continuar a escola abrir enquanto precisam trabalhar", afirmou Ribeiro.
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De acordo com um levantamento do Sieeesp, as creches, que atendem crianças dos 0 aos 3 anos, perderam ao menos 10% das matrículas desde o início da pandemia da Covid-19. O percentual corresponde a mais de 53 mil alunos.
"As famílias não vão continuar com os filhos na escola sabendo que eles só terão mais três meses de aula. E os colégios estão em situação financeira complicada e vão ter que demitir professores", alertou Ribeiro.
Professores ameaçam entrar em greve
Nesta quarta, os professores da rede estadual de São Paulo ameaçaram entrar em greve e viram com preocupação o anúncio de retomada das aulas em 8 de setembro. A decisão é avaliada pela categoria como "prematura" e "incerta".
Por meio de nota, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP) também se posicionou contra a retomada das aulas presenciais. No comunicado, a entidade critica o retorno tanto na rede pública quanto na rede privada.
"Não há nenhuma orientação das autoridades sanitárias embasada em estudos científicos que garanta, neste momento, um nível aceitável de segurança para o retorno das aulas em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus", diz o documento assinado pelo sindicato junto a mais 30 representantes de entidades ligadas à educação.