Está mais fácil conseguir um namorado do que azeite nesta Semana Santa
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Está mais fácil conseguir um namorado do que azeite nesta Semana Santa


Foi-se o tempo em que as queixas dos clientes na  Semana Santa se limitavam aos valores do peixe fresco e do Bacalhau como substitutos de outras carnes não consumidas neste período por tradição religiosa. Os mais devotos enfrentam, este ano, mais uma provação. Hoje, é mais simples pescar um Namorado do que adquirir um  azeite de qualidade por um preço justo.

Esse "ouro líquido" quase sempre rega o tradicional peixe salgado, ou as marcas frescas mais consumidas como: Namorado, Linguado, Pintado, Tilápia, Dourado... entre os mais consumidos pelos brasileiros.


O azeite no Brasil é em grande parte importado, principalmente da Europa. As  mudanças climáticas que têm tumultuado o clima causam uma das mais rigorosas secas no Velho Continente pelo segundo ano consecutivo, afetando diretamente a colheita. As oliveiras não suportam bem a falta de água e as altas temperaturas. Ao invés das 3,3 milhões de toneladas previstas, apenas 2,7 milhões foram produzidas, segundo o Conselho Internacional de Azeite de Oliva.

O Instituto Brasileiro de Olivicultura (IBRAOLIVA), que reúne agentes da cadeia oleícola, registra que algumas marcas chegaram a ter 92% de aumento em um ano.

Semana Santa em Seco

Além do aumento médio de 50% no preço deste ano, muitas das marcas mais acessíveis e conhecidas sumiram das prateleiras dos supermercados. O impacto é percebido até mesmo nas importadoras. Com a falta das remessas do exterior, o produzido no Brasil também vem escasseando e tendo seus preços inflacionados.

"O valor do azeite nacional também sobe porque muitos consumidores optam por deixar de lado o azeite importado em favor do nacional, o que aumenta a demanda de produção no país e, consequentemente, o preço", afirma Alexandre Gaino, professor de economia na ESPM.

Durante a Semana Santa, os preços dos azeites historicamente já são mais altos e, com o impacto sazonal deste ano, muitos estão abandonando a tradição de regar a comida com o produto.

"O aumento do preço também afeta nosso almoço de Páscoa, muitas vezes nos obrigando a buscar outros tipos de óleo", completa Gaino.

Aqueles que não abrem mão da tradição do azeite português podem ter que gastar ainda mais, já que foi o país que registrou o maior aumento, atingindo 69%, enquanto no restante da União Europeia o reajuste ficou em torno de 50%. A Espanha, maior produtora e exportadora, responsável por 60% do consumo mundial, é uma das regiões mais afetadas pela alteração meteorológica.

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