Região da Cracolândia é um dos locais mais perigosos da capital paulista e alvo de preocupação de moradores do centro de São Paulo
GCM
Região da Cracolândia é um dos locais mais perigosos da capital paulista e alvo de preocupação de moradores do centro de São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) minimizou os problemas de criminalidade na zona Central da capital paulista. Em entrevista ao iG,  o prefeito afirmou que os índices "caíram" na região e exaltou o trabalho da Guarda Civil Municipal (GCM).

“Não é real que a situação era melhor. Os índices de criminalidade caíram, os números de usuários caíram. Se você pegar lá no iG, nessa época vai ter muitas matérias e fotos que mostravam que tinham 4 mil pessoas, hoje tem mil e poucas pessoas”.

"A pesquisa da Unifesp nos traz que esses que ficaram, a gente tem 57 % deles estão há mais de 5 anos e 39 % há mais de 10 anos. Então, é óbvio que quem está há 5, 10 anos, 15 anos na Cracolândia, ele tem uma dificuldade muito grande de aceitar o tratamento".

Nos últimos meses, saques em lojas foram registrados em plena luz do dia, o que obrigou os comerciantes da região da Santa Cecília a fecharem os estabelecimentos mais cedo. Enquanto isso, roubos e furtos de celulares são frequentes na região, seja contra pedestres ou passageiros do transporte público coletivo.

Segundo Nunes, a cidade tem condição de internar mais de 1,3 mil dependentes químicos na rede de atendimento. Ele ressaltou o investimento na abertura de centros de reabilitação para atender os usuários para conseguir reduzir o fluxo na região.

“Não, não tem [plano]. Todo jornalista que fala comigo vê desse tema como se fosse algo do tamanho que a cidade. É um problema grande, mas evidentemente não é proporcional ao tamanho da cidade. Estamos empenhados em não deixar esse problema no canto como antigamente. Nós estamos enfrentando esse problema. Hoje, a gente tem condições de ofertar o tratamento para todos. Se os 1.200, 1.300 que estão lá quiserem aceitar o tratamento, nós temos vagas para internar todos para tratamento”, declarou.

“Eu abri CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), foi inaugurado o HUB, inaugurei um centro de tratamento prolongado, temos as comunidades terapêuticas. Temos mais de 2 mil pessoas em tratamento ou em comunidade terapêutica, ou em CAPS, ou no tratamento prolongado e agora acho que a gente precisa atuar muito fortemente na questão do combate ao tráfico ali”, ressaltou.

Após conversas com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes chegou a um acordo para enviar os dependentes para a região do Brás, onde há um centro especializado para atender os usuários. A repercussão negativa, porém, obrigou um recuo da prefeitura e do governo estadual.


Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes concedeu entrevista exclusica ao iG
redacao@odia.com.br (IG)
Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes concedeu entrevista exclusica ao iG

Críticas ao STF

Ricardo Nunes ainda criticou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que desconsidera crime o porte de maconha para consumo próprio. Até o momento, cinco ministros votaram a favor do texto, enquanto apenas Cristiano Zanin abriu divergência.

O prefeito vê a decisão como forma de aumentar o fluxo na Cracolândia e ironizou o uso de balanças pela GCM. Nunes disse ainda que a maconha é a porta de entrada para outras drogas, como a cocaína e o crack.

“Nos preocupa muito essa questão de o STF querer liberar, por exemplo, a maconha. [Cerca de] 60 gramas poderia ser utilizado [para consumo pessoal]. Eu vou ter que colocar o GCM com uma balancinha para andar? Dar uma balança para cada GCM? A gente sabe que quem iniciou no crack, muitos deles, a grande maioria, tiveram início da sua relação com as drogas a partir da maconha e foram evoluindo para outras drogas”, declarou.

“Temos uma preocupação séria com o que o STF está pensando para o nosso país do ponto de vista de criar formas que vai atrapalhar e vai prejudicar a vida das pessoas. Não nos compete decidir, até porque se competisse a nós, sequer seria discutido isso, mas é uma preocupação do STF fazer algo que vai prejudicar e muito a questão da Cracolândia”, concluiu.

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