Lula e Lira conversaram por ligação nesta quarta-feira (31)
José Cruz/Agência Brasil
Lula e Lira conversaram por ligação nesta quarta-feira (31)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sentiu a derrota no projeto do  Marco Temporal e o atraso na análise da medida provisória que reestrutura ministérios do Palácio do Planalto. Sem articulação com os deputados, o petista tenta tomar frente as conversas para evitar o que pode ser a maior derrota do governo.

Desde que assumiu, Lula sabia que encontraria dificuldades em formar maioria no Congresso Nacional e procurou MDB, União Brasil e PSD para conseguir contornar a situação. Entretanto, os acordos não estão funcionando como o esperado.

Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto foi alvo de cobranças para mudanças nos ministérios. O Centrão ficou incomodado com a falta de protagonismo do governo e as dificuldades em ter acesso à Lula.

Em reuniões internas, a cúpula petista afirmou ter dado três ministérios para PSD, MDB e União Brasil, e esperava o apoio de toda a bancada. Porém, as pastas são ocupadas por ministros que são ‘sub-representantes’ das legendas.

Um parlamentar disse à coluna que as escolhas não tiveram ‘dedos’ dos partidos. Ele vê a nomeação desses ministros em forma de ‘gratidão’ de Lula pela ajuda na campanha eleitoral.

Entre os ministros que incomodam o Centrão, estão Simone Tebet (Planejamento), Daniela Carneiro (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicação). Daniela e Tebet estão entre os casos em que Lula ofereceu o cargo em gratidão pela campanha de 2022.

Juscelino Filho, por sua vez, até foi uma indicação do partido, mas não o maior desejo do União Brasil. O nome mais cotado era Elmar Nascimento (União Brasil-BA), mas o apoio do deputado ao ex-presidente Jair Bolsonaro foi o empecilho para a indicação.

Congresso de olho na MP

Um deputado disse que as negociações para a aprovação da MP estão a todo vapor. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), ligou para as lideranças e pediu conversas com os parlamentares no fim da tarde.

A fonte confirmou que as conversas estão ambiciosas e que o governo Lula poderá ficar ‘refém’ do Congresso.

“Tem coisa muito grande aí. A movimentação está intensa e há uma forte interferência de Lula nessa história”.

Outro parlamentar disse à coluna que o texto “só será aprovado se Lula mudar ministérios”. Ele ainda admitiu a possibilidade de adiar a votação para esta quinta-feira (1º) pela manhã, caso não haja acordo entre Congresso e Planalto.

Reforma prevista para julho

Internamente, o próprio presidente Lula admite que precisará ceder ao Centrão para conseguir governar. Ele até tenta encontrar meios de evitar grandes mudanças, mas aliados já admitem que precisará trocar ao menos dez ministérios para agradar os partidos.

Uma fonte do Planalto afirmou à coluna que as mudanças devem acontecer apenas em julho. As negociações, porém, devem começar caso a MP seja aprovada pelo Congresso.

O primeiro ministério que deve ser trocado é o do Meio Ambiente. Marina Silva foi alvo de polêmicas sobre a exploração de petróleo no Amapá.

Outra que está na mira no Planalto é Esther Dweck, de Gestão e Inovação. Embora Lula goste do trabalho dela, a pasta é visada pelos deputados do Centrão e pode ser uma das primeiras a deixar o governo na reforma ministerial.  

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