O presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), resolveu não entrar em confronto com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por causa de Deltan Dallagnol (Podemos-PR). O chefe da Casa conversou com aliados e identificou que, além de desagradar o judiciário, também causaria atrito com o PT e com uma ala do PL.
Lira foi procurado por colegas para que a Câmara saísse em defesa do ex-procurador da Lava Jato. O argumento usado foi de que a Casa precisava enviar um recado de força para o Poder Judiciário. Há muito temor que o TSE inicie uma perseguição contra parlamentares bolsonaristas radicais e lavajatistas.
Lira ficou balançado e conversou com aliados. Pessoas próximas apontaram que partidos de esquerda, principalmente o PT, ficariam revoltados com o presidente se ele saísse em defesa de Dallagnol. Também destacaram que muitos parlamentares do Centrão não iriam engolir um posicionamento a favor de Deltan.
O comandante da Câmara procurou lideranças moderadas do PL, que pediram a Lira para não entrar em briga que não levará a lugar nenhum. O partido conquistou mais uma cadeira e também enxerga o ex-procurador como uma figura “independente”, ou seja, não estará necessariamente do mesmo lado que os bolsonaristas em 2026.
Lira ainda escutou de aliados que decisão do TSE é soberana desde que siga à Constituição. E a cassação de Deltan, segundo o grupo do presidente da Câmara, está dentro da legalidade.
Deltan Dallagnol recebeu notificação
A corregedoria da Câmara enviou nesta quinta (18) a notificação da cassação para Deltan. Ele terá agora cinco dias úteis para se defender.
Após a apresentação da defesa, a mesa diretora, que é composta por Marcos Pereira (Republicanos-SP), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Luciano Bivar (UNIÃO-PE), Maria do Rosário (PT-RS), Júlio Cesar (PSD-PI), Lucio Mosquini (MDB-RO) e Arthur Lira, é responsável por ratificar a decisão do TSE.
Cassação
A decisão pela cassação de Dallagnol foi tomada por unanimidade na Corte Eleitoral e se deu após os ministros entenderem que Dallagnol pediu exoneração do seu cargo de procurador-geral da República no Ministério Público Federal para escapar de eventuais punições que poderiam resultar na sua inelegibilidade.
A punição deferida tem como base a Lei da Ficha Limpa, que torna o agora ex-deputado federal inelegível pelos próximos oito anos.
"Constata-se, assim, que o recorrido agiu para fraudar a lei, uma vez que praticou, de forma capciosa e deliberada, uma série de atos para obstar processos administrativos disciplinares contra si e, portanto, elidir a inelegibilidade", afirmou Gonçalves ao dar o seu voto no processo.
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